Depois de inúmeros protestos em Caracas e uma péssima repercussão do caso pelo mundo, a RCTV não conseguiu retomar a sua concessão de funcionamento. Unidos aos gritos inconformados da ferrenha oposição ao governo Chávez, estão os berros de milhares de dondocas da elite venezuelana que não mais terão o direito de assistir a uma programação sem conteúdo político. O canal vetado era um dos únicos ainda, dentre os abertos, que não divulgava uma programação bolivariana e marxista 24 horas por dia.
A imprensa brasileira publicou, em seu radicalismo de praxe, inúmeros artigos a respeito do caso. Da demonização de Chávez, pelo O Estado de São Paulo, à glorificação do regime bolivariano, pela Carta Capital, assistiu-se ao espetáculo do pieguismo, em que os veículos de comunicação se digladiavam em busca do "troféu conservadorismo". Os excessos tanto das redações de orientação esquerdista como das de predisposição direitista revelaram o quão arcaica é a opinião pública brasileira. Parece que a nossa imprensa ainda vive em um mundo dividido em duas doutrinas. O que se diz comunista hoje é tão conservador quanto um ex-milico.
O golpe sofrido pelo governo Chávez, no ano de 2002, teve grande apoio da RCTV, a qual omitiu informações e contribuiu à sua realização. Para quem assistiu ao documentário irlandês A Revolução não será televisionada, sabe que o apoio da rede televisiva foi maciço e antiético. Dias antes à deposição do presidente bolivariano, a transmissão da ameaça de um golpe, que seria realizado pelo alto comando militar venezuelano, foi uma prodigiosa maneira de manter Chávez no país para que a sua deposição fosse legítima.
A maneira democrática de agir nesse caso, mesmo que, segundo o próprio Chávez, a rede tenha incitado a população a matá-lo, seria recorrer à corte suprema. Agir da forma despótica como o presidente venezuelano agiu é uma auto-afirmação de que existe uma ditadura no país. Além do mais, o simples fato de Chávez não ter criado uma comissão de inquérito para investigar o caso – mesmo que o congresso chavista negasse a concessão - é mais uma evidência ditatorial.
A rede RCTV mereceu ser impossibilitada de funcionar em canal aberto. Mas não da maneira como ela foi fechada. Há uma ditadura na Venezuela e ela não deve ser condecorada. Assim como um canal de comunicação não deve ser aclamado por ter agido contra o direito democrático de liberdade de informação. A RCTV foi tão ditatorial quanto Chávez. Não sejamos cegos e muito menos radicais como os péssimos exemplos da imprensa brasileira.
quinta-feira, 31 de maio de 2007
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Um comentário:
Galera,
Se tiverem um tempo, passem no meu orkut e vejam o scrap a respeito das revistas da Cásper de uma menina chamada Bruna, da ECA. Eu nem respondi por repúdio!!
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