domingo, 2 de dezembro de 2007

O último post

O ano terminou e a obrigatoriedade de postar neste blog também. Porto-me como a última das Moiras, cortando o fio de vida que já se revela frágil pelas raras postagens e pelos escassos comentários encontrados aqui. Lembro, no entanto, que mais que lições sobre ética jornalística, tive neste veículo de expressão a certeza de que posso confiar em pessoas que me alçaram da lama em momentos de desespero, servindo de apoio quando o chão escapava de meus pés. Sacrifico o fio da vida com a completa certeza de que posso me segurar agora em uma grossa e extensa corda, sustentada pelas conquistas em grupo e forjada pela mais divertida das amizades.
.
Divulgo partes da crítica feita pela jornalista Ruth de Aquino, redatora-chefe da revista Época, ao novo livro da jornali...(prefiro esquecer) Mônica Velo$o.
.
Re$enhando Velo$o

"Um livro escrito nas coxas. Mas que coxas! Com um vestido verde-bandeira longo e esvoaçante, decote profundo, laçarote às costas, brincos de brilhante de R$ 60 mil, anel de brilhantes de R$ 70 mil, cabelos à moda de princesinha, penteados para trás com ajuda de laquê, Mônica Veloso (desculpe, não dá para chamar de jornalista) parecia estar num baile. Preparou-se para enfrentar a fila de autógrafos. Mas, não havia fila. Só flashes e imprensa. Quem comprou o livro “sobre os bastidores de Brasília” foi um bando de cupinchas. O advogado de Mônica, o dentista, a designer das jóias, a comadre, a amiga citada na página tal, o cineasta amigo que vê em Mônica uma atriz nata. Três horas após o início do lançamento, 10 exemplares do livro “explosivo” de Mônica tinham sido vendidos.

(...)

As observações de Mônica têm, no mínimo, pouca complexidade: “Gente é coisa que às vezes não se vê em Brasília. Ao menos se locomovendo sobre as pernas”. Ou: “Quando você se deixa levar pela energia da natureza, percebe a religiosidade sussurrante que viaja com o vento de Brasília”. E ainda: “No começo, Brasília não tinha voz, alma ou sentimento, pois vivia em uma arte alienígena, em um olhar estrangeiro sobre o que ela ainda não era, mas deveria ser”.
(...)

Na contracapa: “Os tentáculos cor-de-rosa da sedução infiltram-se pelas relações. Lascivos, eles cingem o lobista e o político em um mesmo abraço, assim como entrelaçam jornalistas e parlamentares. A jornalista (sic) Mônica Veloso, bela e talentosa, viveu esse mundo intenso de anseios e sensações que permeia a vida na Capital da República”.

(...)

O prefácio do livro de Mônica é assinado pelo psicanalista Luiz Cuschnir, “precursor do Masculinismo” (!!!). Ele pontifica não ser coincidência que “a palavra Poder é masculina e a palavra Sedução é feminina”. Daí em diante, ele desfia pérolas como “um amor desfeito tem o poder de uma bomba de alto potencial bélico”. E, em defesa de Mônica: “A mulher, quanto mais bonita, tem de ressaltar seu potencial cultural, profissional e ético, para não ser colocada no rol das que se aproveitam da beleza para galgar seu espaço como Ser em sua totalidade”.

(...)

O mais impressionante é o tom abertamente piegas do livro, não as revelações. “Música, perfume e um certo torpor. Champanhe na mão, conversávamos e sorríamos após o jantar (na casa do senador Ney Suassuna). Havíamos brindado por mais um ano, o intenso ano de 2002. Do jardim, apreciávamos a noite de Brasília, o céu riscado por fogos e luzes, miríades de cores e chuvas de prata abençoando a cidade”.

(...)

A sensação é que os trechos mais sinceros de seu livro se referem aos do ensaio para a Playboy: “Na primeira foto em que apareceu o bumbum, o (fotógrafo) Duran vibrou com aquela visão de borboletas e flores em uma região tão íntima”.

(...)

Escreve a ex-amante de Renan no parágrafo final: “A essência que cada um carrega dentro de si, por mais sufocada que seja, florescerá um dia para iluminar nossas escuridões e varrer nossos medos, como o sol vermelho e o vento noturno do Planalto Central”. Você daria esse livro a quem de presente de Natal?"
.
Obrigado por tudo e vamos em frente que atrás vem gente.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Idéia muito boa...

Portal Imprensa » Últimas Notícias



Publicado em: 24/10/2007 16:46

Blog de jornalistas que contabiliza mortos em Pernambuco recebe prêmio
Redação Portal IMPRENSA

Criado em maio por quatro jornalistas pernambucanos, o blog PEbodycount recebe, na próxima quinta-feira (25), o prêmio Vladimir Herzog na categoria internet, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo

Eduardo Machado, João Valadares, Carlos Eduardo Santos e Rodrigo Carvalho, jornalistas que cobrem a área da segurança pública, se inspiraram nos sites Iraqbodycount e Riobodycount para dar vida ao Pebodycount.

Além de contabilizar os mortos em Pernambuco, os jornalistas vão atrás da história por trás de cada morte e dos dramas vividos pela população de um dos Estados mais violentos do País, com análise e textos para reflexão. O site também abre espaço para depoimentos e denúncias de quem já sofreu ou convive com algum tipo de violência, através do link "Eu, Vítima".

A cada morte computada - de sua inauguração em maio deste ano até a última semana, o número estava próximo a 2 mil mortes- os profissionais reforçam a cobrança por ação e a busca por saídas coletivas. Eles não deixam o governo estadual, as prefeituras, as instituições e a sociedade esquecerem, por exemplo, que Recife é a quinta capital mais violenta das Américas (segundo pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e a capital brasileira com maior número de homicídios (de acordo com a Organização dos Estados Íbero-americanos).

Dividindo-se entre o blog, o trabalho em jornal e cursos de pós-graduação, os produtores do PEbodycount têm como meta para o futuro próximo fazer do blog o braço de uma organização não-governamental, cujo nome será CLIP (Centro Brasileiro para a Livre Informação Pública). É inspirado no Center for Public Integrity, que funciona em Washington e reúne 30 jornalistas que se dedicam ao jornalismo investigativo, sem patrão, sem prazo e com recursos.

Em cinco meses de existência, o Pebodycount recebeu 2 milhões de pageviews, com média de 20 mil visitas mês. Com informações do portal Yahoo.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Tropa de Elite e a revolução do funk proibido


“Um vai de Uru na frente, escoltando o camburão /Tem mais 2 na retaguarda, mas tão de crock na mão/Amigos que eu não esqueço, nem deixo pra depois/ Lá vem dois irmãozinhos de 762 /Dando tiro pro alto só pra fazer teste/Pa-ra-pa-pa-pa-pa-pa (tiros de metralhadora)”.
Trecho de Rap das armas

Em seu terceiro final de semana de exibição, o filme Tropa de Elite cativa o público e se consolida como a produção nacional mais bem sucedida do ano. Por volta de 700 mil espectadores o assistiram em 10 dias de exibição e, segundo cálculos do produtor do filme Marcos Prado, 2,5 milhões de brasileiros o prestigiarão durante a sua veiculação nos cinemas nacionais. Como afirmou o jornal espanhol El País no último dia 19, Tropa de Elite se tornou um “fenômeno social”.

Compreender a popularidade bombástica do filme foi o que tentou a mídia nacional durante o mês de outubro. Programas de entrevistas com o diretor José Padilha e bate-bocas de sociólogos com membros da polícia carioca foram de praxe, polemizando ainda mais os problemas levantados pelo filme. Dedos indicadores apontaram para todas as direções, tentando encontrar culpados ou inocentes no fogo cruzado da violência que acomete o país. Embora o assunto tenha sido debatido em demasia nas telinhas, o filme, ao invés de fatigar a população brasileira, instigou-a ainda mais.

Nunca o site de vídeos Youtube recebeu tanto material brasileiro sobre um mesmo tema. Jovens fardados como capitães do Bope, proferindo frases do filme como “Seu 02, o senhor é um fanfarrão” ou “Pede para sair! Pede para sair!” protagonizam uma lista de mais de 700 produções caseiras disponíveis no site. A música Rap das armas, que se legitimou como música-tema da obra, é uma das mais baixadas em programas de downloads. Devido ao sucesso, MCs Júnior e Leonardo foram recrutados por Padilha para gravá-la na trilha sonora do longa, que será lançada ainda esse ano.

Com insinuações aos conflitos entre policiais e traficantes nas favelas e com apologias ao crime organizado, Rap das armas faz parte de um subgênero cada vez mais em voga nos bailes funks cariocas: o proibidão. Com letras que vão desde a tentativa de valorizar o poderio das facções criminosas até a insistência em desmistificar os males causados pelo consumo de drogas, o tráfico tem nas batidas dessas canções um porta-voz de seus interesses e um cartão de visita à classe média, que as consome como mais uma música comercial, mais uma novidade das paradas de sucesso.

Desde a década de 80, o funk proibido é produzido por membros de facções criminosas nos morros e favelas do Rio de Janeiro. Só no final da década de 90, no entanto, o subgênero ganhou os asfaltos e as páginas dos jornais. O Rap do Comando Vermelho, que parodiava a música Carro Velho, da cantora Ivete Sangalo, causou grande polêmica social por seu conteúdo violento e por defender explicitamente o crime: “Cheiro de pneu queimado/ carburador furado/ e o X-9 foi torrado/ quero contenção do lado/ tem tira no miolo/ e o meu fuzil está destravado”.

Por estar configurado na lei criminal brasileira como apologia ao crime, punível com penas de prisão que podem ir dos três a seis meses, o funk proibido limitava-se a bailes nos morros e a cds – vendidos em camelôs e ouvidos por alguns jovens cariocas. No entanto, depois de Rap das Armas reger o enredo de uma das produções de maior sucesso cinematográfico nacional e ser convidada a fazer parte da trilha sonora de um CD que promete ser um dos mais vendidos no Natal desse ano, a história do funk proibido passa por uma revolução.

A música-tema de Tropa de Elite introduz ao mercado musical brasileiro o subgênero proibidão, permitindo que mais produções do tipo sejam lançadas e que o país inteiro dance ao som de batidas que simulam balas de metralhadoras. As façanhas e os ideais dos traficantes que expressam o ódio e o terror entre gangues não se restringirão aos territórios tomados por elas, mas agora também embalarão festas de casamento e bailes de debutantes, legitimando o narcotráfico e o crime organizado – propósito das canções. O consumo de entorpecentes e o porte de armas fomentados por músicas que fazem analogia às drogas e ao status que uma 762 pode trazer a um jovem se popularizarão em programas de auditório e de rádios FM.


Por mais que ela contribua com a atmosfera da primeira cena do filme - um baile funk no morro da Babilônia -, Rap das armas é uma música proibida por lei e até o momento a justiça não se manifestou sobre o assunto. Por se tratar de um sucesso nacional, é possível que a canção não seja vetada, contribuindo para que o funk proibido ganhe a legalidade e se expanda pelo país.

Se o subgênero, em sua estréia em circuito nacional, já banalizou a violência e valorizou o porte de armas, quem sabe o que vem por aí nas batidas violentas dos proibidões!?

terça-feira, 9 de outubro de 2007

HAHA Campanhas que gostaríamos de ver.



Para quem não consegue ler:

Vale a Pena ver de Novo

Tropa de Elite. Agora no Cinema.
Estréia dia 12 de outubro.

Kibeloco

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Após Renan, CCJ do Senado aprova fim do voto secreto

(trechos da notícia)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007


BRASÍLIA - Por unanimidade, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, aprovou nesta quarta-feira, 19, a proposta de emenda constitucional (PEC) que determina o fim do voto secreto para todas as votações do Congresso nacional. A decisão vem apenas uma semana depois da absolvição, por voto secreto, do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Apesar de Renan ter escapado do processo de cassação por 40 votos a seu favor, 35 contra e 6 abstenções, a comissão fez apologia do voto aberto.

[...] Na reunião da CCJ, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), sugeriu ainda que, como houve consenso para acabar com o voto secreto para julgar os processos que recomendam cassação de mandato, os senadores poderiam tornar público seus votos no julgamento de Renan. O senador tucano vai consultar se isso é possível, mas assessores jurídicos entendem ser uma iniciativa inviável e até ilegal, levando em conta o sigilo do voto. Para abrir a votação seria preciso violar o painel de votação eletrônica do Senado.

[...] O parecer de Jereissati determinava o voto aberto apenas para casos de cassação e algumas outras votações, mas acabou acolhendo a proposta do senador Paulo Paim (PT-RS) de voto aberto em todas as circunstâncias, para que a PEC tivesse, com apoio da base governista, prioridade de votação no plenário do Senado.

Antes de apreciá-la, os senadores têm primeiro que limpar a pauta da casa, trancada por cinco medidas provisória e um projeto de lei que tramita em caráter de urgência. Se aprovada, a PEC será enviada para a Câmara.

O Senado tem a prerrogativa constitucional de votar secretamente as indicações de autoridades para cargos específicos, como embaixadas, agências reguladoras e Banco Central e dos ministros do Judiciário. Todas essas votações, incluindo os vetos presidenciais, não poderão ser fechadas, caso a PEC seja aprovada em dois turnos no Senado e depois pela Câmara.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Transmissão de uma certa partida de futebol....

"Olá Brasil, estamos chegando. A Rádio Nossa Utopia mostra para você, ao vivo, o jogo entre o Brasil e a Impunidade Futebol Clube. O jogo na verdade foi às escondidas, secretamente realizado em Brasília, mas nós tivemos acesso e mostramos para vocês ouvintes da melhor Rádio/blog do país.
O time do Brasil conta com muitos atletas famosos como: Povo, Ética, Sociedade e o Justiça. O time da Impunidade vem a campo com jogadores já conhecidos no país, os principais são: Lobista, Vergonha, Renan e Laranja. O técnico da Impunidade não pôde contar seis jogadores que se abstiveram, inclusive o atacante Aloísio.
Torcedores foram barrados na entrada do estádio, parece que sues ingressos de nada valem. A pancadaria toma conta da porta do estádio.
Bola rolando. Jogo violento e de muitos gols. Lobista toca para Renan, ninguém segura eles: Gol.
E lá vem o Povo, dribla para a direita, dribla para a esquerda, cruzou na área para Justiça, mas foi interceptado. Justiça falha novamente. Vem de novo o Povo, mas é derrubado. É falta de Vergonha. O jogador foi advertido com cartão vermelho. O time da Impunidade vai ter que jogar sem Vergonha.
O placar mostra o Brasil levando um chocolate da Impunidade. Que ataca agora com Renan, ligou o jogo pro Laranja, que troca de passes magníficos, limpou... Gol.
Esse Laranja é um bom jogador... Acho que vai ganhar um belo bicho no final da partida.
E vem o time do Brasil com Sociedade, quem sabe agora Justiça obtém êxito. Mas não, o Laranja derruba a Sociedade e o juiz nada faz. Ele fingiu que não viu o Laranja. Nesse país ninguém vê nada!
Ética está sumido no jogo, heim? Alguém o viu em campo?
Vem de novo o time do Brasil, mas o que é isso? Renan trapaceou em campo. O STJD deveria aplicar uma grande suspensão neste jogador. Mas que beque de fazenda de Alagoas! Porém, nós bem sabemos que, neste jogo, peixe grande nunca é pego.
Impunidade domina o jogo. Parece que escolheu táticas certas, os jogadores fizeram acordos entre si e sabem bem seus posicionamentos na partida. Cada um sabe o que deve fazer. Mas o Brasil segue resistindo...
Infelizmente não deu. Apita o árbitro supremo. O Brasil perde novamente.
Resultado Final: Vitória da Impunidade sobre o Brasil. 40 x 35.
O Povo chora, Justiça irá se aposentar, Sociedade lamenta e o Ética... Bom, este ainda não apareceu. "


PS: Os nomes dos jogadores são fictícios e qualquer semelhança com algum caso recente da lamentável política brasileira, é mera coincidência.

Por Marcelo Braga (Confira o site http://dominiodabola.wordpress.com)

domingo, 16 de setembro de 2007

Extensa lista de favores possibilitou a Renan se livrar da cassação

Domingo, 16 de Setembro de 2007 - O Estado de S. Paulo


Foi à base de favores - agora muito bem cobrados - que Renan Calheiros (PMDB-AL) conseguiu boa parte dos 46 votos para sua absolvição, na quarta-feira, no processo por quebra de decoro parlamentar. Alguns desses favores são muito pequenos, difíceis até de acreditar que ocorram no Senado - como vista grossa para o gasto a mais de algumas resmas de papel ou manifestação da solidariedade masculina na autorização para a viagem ao exterior de senadores interessados em levar consigo alguém muito especial.


Na extensa lista de ajudinhas tem ainda transferência de funcionários do Estado de origem do senador para Brasília, contratação de parentes, gabinetes amplos, escolha de apartamento funcional em bom estado ou virado para o nascente, troca do velho carro oficial por um novinho e até o estouro na cota de combustível. Coisas que seriam comuns em uma Câmara de vereadores do interior são largamente usadas no plano federal e concentradas na mão de um único homem. Tudo isso somado à influência sobre ministérios, bancadas e governo.


O presidente do Senado é um dos fiadores da aliança PT-PMDB-Planalto, tem poder político, mas quem percorre a Casa se depara com uma ostensiva coleção de pequenos favores feitos a uma extensa maioria.


Isso, somado ao fato de ter se tornado figura-chave para projetos do governo ao longo de quase três anos à frente de dois mandatos na presidência do Senado, fez com que Renan se salvasse no processo em que era acusado de ter despesas pessoais pagas por Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. Entre as despesas, pensão e aluguel à jornalista Mônica Veloso, com quem Renan tem uma filha fora do casamento.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

SEGUNDO O TIO AURÉLIO....

ABSOLVER => v.t. Relevar de culpa ou pena; declarar inocência; * Absolvição sf.

IMPUNE => adj. Que escapou à punição * impunidade sf.

VERGONHOSO => adj. 1.Que desonra, infame.
2.Obsceno, indecoroso.

"Brasil, mostra tua cara,
Quero ver quem paga, pra gente ficar assim."

Cazuza

A lei do mais forte

Estou de luto. Não, não há por que vocês me desejarem pêsames ou condolências. Nenhum ser concreto morreu. Faleceu aquela que por último deveria se revelar moribunda. Aquela que vive nos peitos juvenis e se resigna nos peitos idosos. Morreu, infelizmente, a minha ESPERANÇA.

Depois de ligações que me incomodaram e que causaram desavenças em meu lar, tirei um dos meus textos desse blog. Um texto de pequenas pretensões que seria lido por um ou dois colegas. No entanto, esperava que pelo menos neles surgisse um lampejo de indignação ou um muxoxo - daqueles produzidos diariamente pelas bocas esfomeadas e caladas do povo brasileiro. O meu pequeno texto, contudo, tomou um rumo diferente. Cresceu, cresceu e cresceu. Até porque quem se incomoda com a verdade tem algo a esconder.

O coitadinho, que agora tinha pretensões a um textão, era somente mais um novo famoso - daqueles que se mantêm na mídia por apenas 15 minutos. Depois desse mísero tempo, o meu amigo caiu, caiu e caiu. Hoje, ele é mais que um anônimo: é um desaparecido!

Em terras distantes, onde letras e palavras vagam - sufocadas pela lei do mais forte -, caminha o meu prodígio textinho. Felizmente, ou infelizmente para a democracia nacional, ele não se encontra só. Ao seu lado, tenra e cabisbaixa, está a minha preciosa esperança de que um dia a justiça e os fracos reinarão nesse país.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Música para o momento.

HáTempos - Legião Urbana

Parece cocaína mas é só tristeza, talvez tua cidade Muitos temores nascem do cansaço e da solidão E o descompasso e o desperdício herdeiros são Agora da virtude que perdemos. Há tempos tive um sonho Não me lembro não me lembro Tua tristeza é tão exata E hoje em dia é tão bonito Já estamos acustumados A não termos mais nem isso. Os sonhos vêm E os sonhos vão O resto é imperfeito. Disseste que se tua voz tivesse força igual À imensa dor que sentes Teu grito acordaria Não só a tua casa Mas a vizinhança inteira. E há tempos nem os santos têm ao certo A medida da maldade Há tempos são os jovens que adoecem Há tempos o encanto está ausente E há ferrugem nos sorrisos E só o acaso estende os braços A quem procura abrigo e proteção. Meu amor, disciplina é liberdade Compaixão é fortaleza Ter bondade é ter coragem E ela disse: - Lá em casa têm um poço mas a água é muito limpa.

O professor Lira fez um rápido comentário, falando que essa música retrata exatamenteo estado de anomia em que estamos vivendo atualmente. E acho que só a partir do momento em que percebermos que a solução está em nossas mãos, é que mudaremos isso!

Aliás, que tal um protesto contra a PALHAÇADA do Senado nesta terça-feira?

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Para pensar...

“Sendo Noé lavrador, passou a plantar uma vinha. Bebendo do vinho, embriagou-se e se pôs nu dentro de sua tenda. Cam, pai de Canaã, vendo a nudez do pai, fê-lo saber, fora, a seus dois irmãos. Então, Sem e Jafé tomaram uma capa, puseram-na sobre os próprios ombros de ambos e, andando de costas, rostos desviados, cobriram a nudez do pai, sem que a vissem. Despertando Noé do seu vinho, soube o que lhe fizera o filho mais moço e disse: Maldito seja Canaã; seja servo dos servos a seus irmãos. E ajuntou: Bendito seja o Senhor, Deus de Sem; e Canaã lhe seja servo. Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de Sem; e Canaã lhe seja servo”

Fonte: Bíblia Sagrada (Gênesis 9, 20-29)

Conforme a Bíblia, os 3 filhos de Noé deram origem a 3 linhagens:
CAM ---> negros (África)
SEM ----> semitas (Oriente)
JAFÉ ---> brancos (Europa)



Até na Bíblia...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A anulação do leilão da Vale do Rio Doce

Movimentos sociais - entre eles a CNBB, o MST, a CUT e a UNE - convocam a população brasileira a opinar, entre os dias 1 e 7 de setembro, a respeito da anulação do leilão de privatização da mineradora Vale do Rio Doce. Privatizada em um processo escuso e com um histórico de críticas e denúncias de falcatruas, a empresa que valia em 1997 aproximadamente 100 bilhões de dólares foi leiloada por irrisórios 3 bilhões. O Supremo Tribunal Federal - que se tornou exemplo nacional depois de fazer simplesmente o seu trabalho: acusar os 40 mensaleiros a um processo de investigação - tarda a averiguar mais de 69 ações judiciais a favor da anulação do leilão que tramitam no órgão há mais de 3 anos. O que os movimentos populares nacionais pretendem fazer é justiça com as próprias mãos, enquanto os tribunais brasileiros mantêm os processos de investigação sob as mofadas casacas dos baicharéis, esperando pela rotineira prescrição.

A Vale é hoje a maior empresa privada brasileira e a segunda maior empresa atuante no Brasil, depois da Petrobrás. Ela detém a maior frota de transportadores de grãos do mundo e é a maior captadora de minério de ferro do globo. Não há grupo empresarial que mais usufrua das riquezas minerais brasileiras que a mineradora. Ou seja, perdemos uma empresa de valor inestimável ao país e que permite com que multinacionais - que a compraram por um preço de pechincha - lucrem com a exportação de recursos nacionais.

O processo de privatização da Vale causou polêmicas logo no anúncio de que a empresa seria leiloada, em 1995. O governo de Fernando Henrique Cardoso, embalado pela onda do neoliberalismo latino-americano, alegou a insustentabilidade da empresa aos cofres públicos brasileiros e propôs a sua venda em um leilão. O dinheiro obtido seria destinado ao pagamento de dívidas nacionais e internacionais, obtendo maior credibilidade estrangeira e, consequentemente, atraindo mais investimentos ao país. Eu não culpo Fernando Henrique pela venda. O neoliberalismo foi um espírito econômico de época, o qual ludibriou as nações subdesenvolvidas - crentes de que as intenções do Consenso de Washington eram as mais inocentes possíveis. O propósito de FHC, de atrair investimentos internacionais, foi o mesmo princípio político usado pelo presidente Lula em sua economia de "commodities".

A esquerda nacional se torna pedante e cega ao criticar a política ecônomica de FHC, repetida pelo presidente Lula. Entretanto, algumas avaliações negativas do leilão - feitas pela mesma esquerda nacional - são corretas e muito pertinentes. Ao avaliar o valor de mercado da Vale do Rio Doce, para lançar um preço de venda aos interessados em comprá-la no leilão de 1997, o edital do banco Bradesco e a consultoria estadunidense Merrill Lynch sugeriram um valor de 3,3 bilhões de reais. No entanto, segundo outras consultorias nacionais, esse valor seria o triplo do sugerido. O interessante é que a empresa que comprou a Vale foi a mesma que avaliou o seu valor de mercado, ou seja, o próprio Bradesco.

O plebiscito é uma prática saudável da democracia brasileira e deve, portanto, ser estimulado. Contudo, afirmar de maneira presunsosa que a Vale se tornará maior do que é hoje nas mãos estatais é um sonho utópico-comunista. Sem concorrência ativa no mercado capitalista, com a injeção maciça de investimentos privados, a Vale é uma forte concorrente a se tornar sucateada como muitas das empresas estatais da história nacional. Caso, no entanto, a sua administração seja uma mistura entre capital privado e estatal - onde o estado seja o sócio majoritário de suas ações, como é o modelo administrativo da Petrobrás -, é possível que ela se torne tão excelente ou até melhor do que é hoje. Isso só depende de eficiência governamental e vontade de que tudo dê certo.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Lulu já previa a solidão do mundo cibernético

Recentemente, durante um programa da MTV sobre a carreira e os sucessos do músico Lulu Santos, deparei-me com uma análise sobre a letra da música “Aviso aos Navegantes” que realmente prendeu minha atenção.

Aviso aos Navegantes
Lulu Santos

Se existe alguém na linha
Se tem alguém no ar
Por favor responda agora
Não me faça esperar...
Há uma certa urgência
Alô informação!
Aqui sou eu sozinho
Do outro lado
Não sei não
Sei!...
Instalei uma antena
E lancei um sinal
Há nada no radar
Procuro no dial...
Aviso aos navegantes
Tem mais alguém aí?
Só ouço o som da minha
Própria voz a repetir...
S.O.S. Solidão!


Lançada no ano de 1996, no cd Anti Ciclone Tropical, “Aviso aos Navegantes” é de uma contemporaneidade incrível. A letra (como vocês podem acompanhar logo acima do texto) fala sobre o mundo virtual, o qual permite acesso a muitos lugares, muita informação, muitas pessoas... Mas que ao mesmo tempo tira as pessoas do mundo real.
O individualismo que existe atualmente na sociedade ocorre também por conta desse isolamento que, querendo ou não, é causado pelo uso excessivo do computador. Um fenômeno muito corriqueiro a ser observado é a quantidade de pessoas que deixam de sair de casa porque preferem ficar navegando, conversando com desconhecidos que podem ser pessoas reais ou apenas personagens.
É claro que a internet trouxe benefícios incontáveis à vida de todos. Informação atualizada quase que minuto a minuto e de livre acesso, fotos, vídeos, músicas, entretenimento em geral, etc etc etc. Ainda facilitou o contato com colegas, amigos, familiares distantes, através de e-mails, orkut, msn e os outros tantos meios que existem, e manter esse tipo de contato – acredito eu – é absolutamente saudável, desde que feito de maneira ponderável. Também não condeno de maneira alguma conhecer pessoas através da internet; para quem se sente bem, qual o problema? Entretanto, vale deixar claro que o uso do meio em excesso pode acabar prejudicando o convívio no mundo real.

Em tempo: a vida acontece lá fora.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

A fila anda

Não conhecia a revista Mente e Cérebro, mas encontrei-a na internet por acaso e gostei muito das matérias. Essa em especial é muito peculiar. É uma notícia sobre um estudante da Unb que fez uma tese somente sobre as filas no Brasil.
É legal ver como as pessoas reagem quando percebem que a fila foi cortada , e o que elas dizem que vão fazer quando isso acontece. É interessante ver um estudo tão aprofundado sobre algo que enfrentamos todos os dias.


QUANDO A FILA NÃO ANDA
Tese da UnB verifica comportamento dos brasileiros na espera. Eles não gostam de brigar e preferem ignorar os furões

Cordial e pacífico. O brasileiro não gosta de brigar por seus direitos, principalmente quando o assunto é fila, seja no banco, no supermercado, na rodoviária ou no aeroporto. E, até mesmo quando ele percebe que alguém “furou” a ordem, prefere fingir que não viu. No máximo, cutuca o ombro do intruso e diz de um jeito tranqüilo: “Ô, amigo, a fila termina lá trás!”. As principais reações dos indivíduos nas filas foram observadas e analisadas pelo pesquisador Fabio Iglesias, do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB). Ele é o único do Brasil a estudar o assunto.
O psicólogo defendeu a tese de doutorado Comportamento em filas de espera: uma abordagem multimétodos em março de 2007. Antes de chegar a essas conclusões, Iglesias realizou seis estudos, por isso o nome multimétodos. Ele elaborou instrumentos, bancou o “fura-fila” e descobriu comportamentos inusitados. Entre eles, a diferença entre o que o brasileiro fala e o que ele realmente faz. “Muitos dizem que vão reclamar se alguém entrar na frente, mas o que a análise mostrou é que quase ninguém faz”, revela.
Em um dos experimentos, Iglesias furava a fila na Rodoviária do Plano Piloto, sempre na 10ª posição. Em 206 intrusões, ele observou que 80% dos indivíduos não reagiam e o restante apenas falava cordialmente. Em nenhuma das vezes houve violência física. As intromissões foram feitas de três modos: uma mulher furava a fila, um homem ou um casal. Em todos os casos, eles ficavam apenas 40 segundos e depois saíam da fila. O maior grau de incômodo foi causado pelo casal e não houve diferenças se o intruso era homem ou a mulher ou ainda se quem estava na fila na posição posterior a ele também era homem ou mulher.
DESAGRADÁVEL – Embora quase todo mundo pense que a fila é um local desagradável, uma escala com 20 itens desenvolvida por Iglesias e aplicada em 302 usuários no Distrito Federal mostrou que o maior fator de incômodo é não saber quanto tempo o indivíduo terá de esperar. Para resolver o problema, o psicólogo sugere a colocação de um visor, placas ou a simples justificativa da demora.
Nessa fase do estudo, Iglesias também descobriu que, entre aqueles que têm nível de escolaridade maior, há mais reclamações quanto à demora, do que entre os de nível mais baixo. “Nas classes mais baixas, as opções são mais restritas e os indivíduos já estão mais acostumados a tolerar a espera. É o caso, por exemplo, dos serviços bancários”, explica o psicólogo.
PASSIVIDADE – No quarto levantamento realizado por Iglesias, com 301 indivíduos, o psicólogo identificou um fenômeno chamado “ignorância pluralística”. É o que ele atribui a alguém que não reage quando algo incomoda, porque o “outro” também não reage. Na pesquisa, ele fazia duas perguntas: o quanto alguém se incomoda quando uma pessoa fura a fila e o quanto o indivíduo acha que os outros se incomodam. Para a primeira pergunta, os valores eram sempre maiores do que para a segunda.
Em uma outra etapa da pesquisa, foram feitas duas simulações: uma fila de banco e outra de cinema. O pesquisador descreveu o cenário de intrusão na fila para 218 indivíduos. O caso do banco gerou mais reações que o do cinema. “As pessoas não têm tanto controle sobre situações de banco, que são obrigatórias, quanto têm no cinema, que é uma atividade de lazer e opcional. Por isso, se aborrecem mais com a primeira simulação”, explica Iglesias.
As reações descritas pelos indivíduos na situação sugerida foram mais intensas quando comparadas ao experimento realizado na Rodoviária, onde ele apenas invadia a fila e outros pesquisadores observavam o comportamento. “Isso mostra que os indivíduos dizem uma coisa, mas se comportam de outra forma na prática”, explica Iglesias, que dá aulas em uma faculdade particular de Brasília. Em uma escala de 0 a 100, 66% disseram que reagiriam de alguma forma.
O psicólogo também filmou, durante dois meses, filas no horário de pico do almoço de um restaurante coletivo e observou 57 intrusões. Não houve diferença significativa entre os sexos e geralmente os furões entravam “como quem não quer nada”, ou falando ao celular, olhando para o lado ou cumprimentando alguém da fila. A maior parte dos que já estavam na fila fingiu não ver.
Outro estudo também realizado no mesmo restaurante tratou da relação da posição do indivíduo com a estimativa do tamanho da fila e tempo de espera. Na primeira etapa, 192 usuários de 22 filas foram entrevistados. A cada 15 posições, eles deveriam estimar quantas pessoas tinham na sua frente. Iglesias identificou que sempre havia uma superestimativa para quem estava no início da fila e a subestimativa para quem estava no final. Na segunda fase, foram 135 indivíduos entrevistados em 32 filas. A cada 25 posições, o entrevistado deveria estimar o tempo de espera. Em quase todas as posições, houve uma superestimativa. Todos os experimentos não demonstraram diferenças significativas entre homens e mulheres.

22 de agosto de 2007, André Ribeiro

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Filósofo do Século XX

"Com a sua morte, desapareceu um dos poucos gênios que viviam no mundo de hoje. John Lennon morreu aos 40 anos de idade, portanto com muito tempo ainda aberto a sua frente. Mas o pouco que viveu foi o suficiente para deixar um dos mais extraordinários legados que a cultura popular moderna jamais recebeu. Não há notícia de que outro compositor ou conjunto musical tenha sido mais universal que Lennon e os Beatles, ou que tenha encantado tanta gente durante tanto tempo, em tantos lugares, ou ainda que tenha influenciado de maneira tão completa a época em que viveu. Vinte e nove anos - não um ou dois, mas vinte e nove - depois de os Beatles terem se dissolvido, suas canções, seus discos e sua imagem continuam tão atuais e presentes como se o conjunto continuasse vivo. Sem existir mais, os Beatles permanecem tão vivos como sempre, pois tornou-se impossível se cansar deles, quanto mais esquecê-los. John Lennon é a alma e cérebro desse admirável fenômeno."



Ao falarmos sobre filosofia, sempre pensamos em Sócrates, Platão, Aristóteles, etc. O que esquecemos é de identificar novos filósofos que surgiram no mundo ao longo dos tempos.
Filosofia significa amor à sabedoria. O filósofo tende a questionar a si próprio, ao outro, à vida e o mundo.
E foi exatamente isso que Lennon fez poucos anos antes de morrer.

No ano de 1971, o músico passou a escrever letras com pensamentos filosóficos, como por exemplo: "Instant Karma" (karma, segundo os hindus, se refere a totalidade de ações da vida que determinam o destino da pessoa na próxima vida) e "Imagine" sobre a existência utópica segundo a Nova Era. A música "Imagine", que ainda é popular nos nossos dias e tem sido traduzida para várias línguas e usada em comerciais, induz as pessoas a imaginarem que não existe céu, inferno, países e nem religiões; que todos vivemos em paz. Tudo isto faz parte da filosofia da Nova Era que destaca uma comunidade global no lugar de vários países e nacionalidades, a ausência de religião tradicional que hoje conhecemos e nenhum conceito de retribuição (inferno), nem de céu na forma mencionada na Bíblia, somente esclarecimento. Na realidade se trata de um convite para que as pessoas se unam ao movimento da Nova Era. John canta "Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas não sou o único. Espero que um dia você se una a nós e viveremos como um só".




O pensamento vivo de John Lennon:

"All we are saying is give peace a chance."

"As usual, there is a great woman behind every idiot."

"Everything is clearer when you're in love."

"I believe in God, but not as one thing, not as an old man in the sky. I believe that what people call God is something in all of us. I believe that what Jesus and Mohammed and Buddha and all the rest said was right. It's just that the translations have gone wrong."

"Jesus was all right, but his disciples were thick and ordinary. It's them twisting it that ruins it for me."

"I don't intend to be a performing flea any more. I was the dreamweaver, but although I'll be around I don't intend to be running at 20,000 miles an hour trying to prove myself. I don't want to die at 40."


Quem quiser ler mais algumas frases, veja esse vídeo.



John Lennon morreu no dia 8 de dezembro de 1980, assassinado por um fã, em NY.
Após sua morte, um memorial chamado Strawberry Fields Forever foi criado no Central Park, em sua homenagem.


(1940 - 1980)

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Direto do Pânico...

Novo português chega a escolas públicas até 2009

Sem o trema, com menos acentos, com menos hifens e maos "universal". A reforma ortográfica, que pretende unificar o Português falado em 8 países do mundo, já começa a mudar os livros didáticos no Brasil.
O MEC fará licitação para os livros didáticos de 2009 já com mudanças;
(...)

Entre os objetivos da reforma ortográfica estão reduzir o custo das "traduções" do português de Portugal para o Brasil e vice-versa, e melhorar e aproximar o intercâmbio entre as nações lusófonas.

Não há data exata de início das mudanças. Mas, desde o fim de 2006, quando 3 países já haviam assinado pacto nesse sentido, as regras estão valendo.

ALGUMAS MUDANÇAS
- Cai o trema
- Não haverá mais acento em ditongos abertos de paroxítonas como "Assembléia"
- Menos hifens
- Menos circunflexo

Jornal Metro terça-feira, 21 de agosto de 2007



Achei pertinente postar sobre esse assunto porque a matéria gerou muitos debates durante a manhã. Alguns concordam, afirmando que unificar é a melhor opção, outros discordam. Particularmente, acho que o primeiro pensamento que nos vem à cabeça é algo do tipo "eu vou usar a trema para sempre!", mas somos jornalistas e, portanto, teremos que aceitar as mudanças (se elas de fato ocorrerem).

Não acho que o argumento de "reduzir o custo das "traduções" do português de Portugal para o Brasil e vice-versa, e melhorar e aproximar o intercâmbio entre as nações lusófonas" é convincente para mudanças tão radicais como as que estão previstas. Sou a favor da tese de que a língua deve sim ser modificada com o tempo, mas não por convenções, mas sim graças ao próprio falante.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

A Lei da atração e a Filosofia Oriental

O tema do seminário do grupo Nossa Utopia - que será apresentado no dia 27 - será "O Segredo e a lei da atração". Além de contemporâneo e altamente filosófico, o tema sugere dilemas e polêmicas que devem ser levantadas em tempos de "psicologias de galinheiro" ou até mesmo de "ondas de auto-ajuda".

A idéia central da série de livros e filmes - alcunhadas O Segredo - é expor didaticamente a funcionalidade da lei da atração. Baseada no princípio "xuxístico"(lê-se um neologismo!) de que "querer é poder", ela afirma e comprova com evidências cientificas (física quântica) de que o cérebro é capaz de liberar ondas eletromagnéticas que agem sobre qualquer matéria, modificando-a negativamente ou positivamente. Partindo do pressuposto de que E=mc² e que, portanto, toda energia pode ser transformada em matéria e vice-versa, a energia eletromagnética cerebral ( energia em movimento) pode agir sobre a matéria (energia parada).

Essa teoria de aparência nova, no entanto, já era discutida antes mesmo de Cristo. Óbvio que sem explanações ou comprovações científicas, os orientais já chamavam a energia em movimento de energia vital.Para comprovar a minha afirmação, publico abaixo um texto que explica melhor os fundamentos da chamada Filosofia Oriental - a qual prega a presença da unidade transcendental em todos os indivíduos vivos, ou seja, que Deus é toda a energia acumulada ou não no universo.

Espero que gostem!

A Energia Vital: Espaço Místico

No Oriente fala-se de um tipo de energia que está presente em tudo à nossa volta, ela influencia desde o mais simples ser ou coisa até os planetas. Esta força cósmica, que é relacionada à essência do Universo, envolve todas as entidades que nele existem e dá vida pois ela não fica estagnada em um lugar específico, mas se movimenta e como um rio sempre é renovada. Ela possui muitos nomes, na China chama-se Ch'i, no Japão, Ki e na Índia, Prana. O oriental vê nosso mundo com olhos diferentes do ocidental, deixando de lado uma visão racional ele procura se relacionar com as coisas à volta e sabe que tudo faz parte de um grande conjunto. Com este posicionamento, quando ele contempla um jardim de flores ou uma bela paisagem, sabe que a mesma energia que fez estas belas obras existe em seu interior e assim consegue dar mais valor a suas capacidades. Quando uma pessoa tem este ponto de vista, ela se relaciona melhor com tudo à volta e traz mais harmonia para sua vida, pois sabe que faz parte de uma grande entidade maravilhosa.

Nos oceanos ocorrem correntes de água, cada uma possui características distintas, uma é quente e rápida, já outra é fria e lenta, ou se diferenciam pela profundidade. O fluxo de energia pode ser comparado à estas correntes oceânicas, existe uma energia que engloba tudo, desde o mais simples ser até os planetas, mas dentro desta energia como nos oceanos, ocorrem correntes, que são a força motriz que renovam e dão vitalidade e poder. Através de séculos de observação, mestres notaram que podiam utilizar estes fluxos para realizarem coisas maravilhosas, muitos foram para o lado artísticos, outros para a manutenção da saúde ou para as artes combativas.

Na China principalmente, também apareceu a filosofia das mutações, Yin-Yang, os opostos que se completam, certamente relacionados ao fluxo da energia vital, que hoje é de uma maneira e amanhã poderá ser de outra. O jogo conjunto Yin-Yang em eterna mutação determina não apenas o relacionamento entre sexos, como também o equilíbrio de todos os outros pares, ou dos pares de conceitos que constituem uma unidade polarizada, como, por exemplo: corpo e espírito, consciente e inconsciente, o ideal e a realidade, direita e esquerda, governo e oposição, acima e abaixo, dia e noite, etc. Cada pólo tem valor idêntico ao outro, os pólos se completam e se necessitam mutuamente. No entanto, quando o equilíbrio habitualmente existente entre eles é perturbado, ambas as partes mostram o seu lado destrutivo e maléfico. Portanto, a meta não é incentivar um pólo em prejuízo do outro, por parecer melhor, porém visar um equilíbrio que beneficie ambos.

Os artistas orientais procuram colocar em suas obras a mesma energia que existe no modelo que escolheram, deve existir vida e a pintura através de seus traços e composição é comparada como um ser vivente. Um ponto de uma paisagem não representa uma águia, ele é o próprio pássaro. Os mestres da arte da caligrafia japonesa ( Shodô ), falam que quando escrevem o ideograma representando a chuva, é a chuva que está contida no papel e podem até sentir o sopro úmido quando chegam perto de sua criação. Massao Okinaka Sensei, único grande mestre de Sumiê ( pintura oriental ) no Brasil, um dia pintou um peixe gato com um só traço, a energia e vitalidade que ele passou para o papel foi tanta que parece que o peixe está se mexendo.Na manutenção da saúde, mestres aprenderam a canalizar a energia vital para através de toques ou exercícios controlarem e harmonizarem o fluxo que corre pelo corpo. Um fluxo interno bloqueado ou descontrolado causa doenças e sentimentos tristes, se retirarem estes "nódulos" a energia volta a se movimentar e assim a vitalidade volta a existir.

O Tai Chi Chuan é um destes exercícios, através de seus movimentos ele busca que o praticante se harmonize com o fluxo de energia e sinta que ele existe e está presente em seu corpo. Na China apareceu um meio de se harmonizar o ambiente através do posicionamento de certos elementos e posturas que uma casa ou local deve ter, é o Feng Shui, através dele procura-se canalizar de maneira benéfica o fluxo que corre pelo lugar.

O conceito de energia vital quando entendido faz muito bem para a vida e principalmente para a postura frente às coisas que acontecem. Tudo está contido em uma mesma energia, então todos fazem parte de uma mesma família, ou seja, são irmãos. Assim nosso próximo, mesmo que por exemplo seja diferente quanto à raça é nosso semelhante, a energia que um dia percorreu seu corpo hoje está no nosso, o mesmo ocorre com os animais, plantas e tudo que existe. Esta filosofia gera um maior respeito e aceitação das coisas que acontecem, deixando-nos preparados para realizar coisas mais belas, ao se sentir alegre por estar no meio de um lindo jardim ou quando brincamos com um cachorro cria-se um sentimento de bem estar e assim podemos desfrutar o que de mais maravilhoso a vida nos reserva.

Site Espaço Místico:
http://www.mistico.com/p/reiki/

domingo, 19 de agosto de 2007

Cursos na Casa do Saber

Oi galera
andei olhando cursos que estão disponíveis esse semestre lá na Casa do Saber e achei bom divulgar um pouco aqui. A Casa do Saber tem duas unidades: uma no Jardins e outra no Higienópolis. Apesar de caros, os cursos são fantásticos e valem muito a pena. Neles, todo o tipo de tema é abordado de uma maneira super legal; vão desde cursos de artes plásticas a cursos de religião ou psicanálise.
Mas na verdade, o que me chamou atenção e me fez vir aqui falar isso tudo foram os cursos de filosofia. Dos mais simples aos mais complexos. Tem um que estudará Aristóteles, outro que fará uma comparação de Kant com Nietzsche, outro que contará e analisará a Lenda do Santo Graal, falará de Pensadores, da História da Filosofia, das obras mais importantes, entre outros muito interessantes.
Vale a pena confirir o site: http://www.casadosaber.com.br/busca.php?area_id=20

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

A REVOLTA DOS PALHAÇOS

Fiz esse texto recentemente,espero que vocês gostem:

A Revolta dos Palhaços

Político não é palhaço. Este papel quem desempenha somos nós, o povo.
Porque palhaço é aquele que leva a tortada na cara e continua a rir. É aquele que tropeça nos pés dos outros, que tem o calo pisado. Resumindo, é aquele que sofre, mas que não perde o sorriso jamais.
O Brasileiro então é o palhaço. Ganha pouco, não tem direitos básicos, paga altos impostos, sofre com transportes públicos, com a saúde pública, com as vias públicas... Parece que nada funciona.
O presidente Lula não é palhaço. Com a sua política assistencialista de bolsa disso e bolsa daquilo, maquia os problemas de seu governo, e se assume como um novo pai dos pobres. É a política do pão e circo : “ Dê bolsa família para eles e tragam o Pan-Americano. O Brasil ganha algumas medalhinhas, o povo esquece das tristezas e em 2008, as eleições municipais são nossas”.
Não sou contra a realização do Pan-Americano. Mas sou da turma da transparência, assim como os jornalistas José Trajano e Juca Kfouri. Fico feliz pela realização do evento, mas triste pelo alto custo do mesmo. Algo em torno de 800% a mais do que o previsto. E como não desconfiar de corrupção? O povo não é palh... É, o povo é o palhaço, eles é que não são.
Mas pelo menos o Pan não tapou os problemas do país. Não tapou porque um avião não conseguiu parar, e indicou que Congonhas é uma grande bomba relógio. É um problema bem no centro da maior megalópole brasileira. Até aquele momento, a ministra (palh...) sexóloga aconselhava os palhaços brasileiros que pegam aviões comerciais com os seguintes dizeres: Relaxa e Goza.
E aquele tal de Renan Calheiros? Não, este não é palhaço. Pela quantidade de laranjas que ele tem, deve ser malabarista.
Os palhaços deviam se revoltar. Se revoltar contra os leões da previdência, contra os políticos mágicos que somem com dinheiro, e principalmente contra o manda-chuva do circo.
O país não pode ser encarado como circo. O povo já está cansado de rir como palhaço, e as tortas na cara não mais divertem o público.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Greve de Informações

Portal Imprensa » Últimas Notícias
Publicado em: 30/07/2007 10:30

Jornalistas escoceses voltam a entrar em greve
Redação Portal IMPRENSA


Os jornalistas dos impressos Evening Times e Sunday Herald, da Escócia, preparam-se para voltar à greve, na próxima sexta-feira, 3 de Agosto, em defesa dos empregos dos jornalistas e da qualidade da profissão.
A paralisação, que conta com o apoio da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), dá continuidade à ação iniciada dia 20 de Julho, que contou com a adesão de mais de 250 profissionais dos três principais jornais escoceses (The Herald, Sunday Herald e Evening Times) na primeira greve de 24 horas realizada nos últimos 27 anos.

Entre as causas para a greve estão o crescente número de demissões e a degradação das condições de trabalho e do jornalismo nos órgãos de comunicação representados, apesar de os lucros continuarem a aumentar.

Na apresentação do nosso primeiro mini-seminário,falamos sobre a Lei da Greve do governo Lula. Lembro do professor Dimas falando sobre como seria absurdo uma greve de jornalistas. Ta aí: os escoceses têm greve de informações.

terça-feira, 24 de julho de 2007

CRONOLOGIA DE UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA

http://charges.uol.com.br/2007/07/19/especial-cronologia-de-uma-tragedia-anunciada/

By CHARGES.COM

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Apresentação do Seminário :)

Relevando o atraso, aqui estou eu para parabenizar o grupo pelo ótimo seminário do dia 12 de junho. O trabalho foi duro e o resultado foi ótimo, de verdade.
Parabéns, "utopianos"!



Vídeo da apresentação :)


Beijos e aproveitem as férias!

sábado, 14 de julho de 2007

Honestidade

14/07/2007 - 10h52
Rapaz devolve a empresário R$ 6.000 que achou na rua

JOSÉ EDUARDO RONDON
da Agência Folha

Um adolescente de 17 anos, entregador de jornais na cidade de Pirajuí (398 km de São Paulo), encontrou um malote com R$ 6.000 na rua e devolveu ao dono. Como "recompensa", ganhou R$ 100 e um par de tênis.
Fágner Tamborim, que recebe R$ 90 por mês entregando jornais, contou que encontrou o malote -contendo cerca de R$ 3.000 em dinheiro e R$ 3.000 em cheques- na rua enquanto trabalhava, de bicicleta, na última quarta-feira.

"Vi que tinha muito dinheiro e cheques. Levei pra minha mãe, que ligou para o banco. Aí conseguiram localizar o dono."

O empresário Marcelo Lourenço, 32, dono do dinheiro, disse que havia colocado o malote em cima do carro para abrir o portão da casa onde mora. Ao sair do imóvel com o veículo, Lourenço esqueceu de recolher o malote.

"Quando cheguei ao banco vi que o dinheiro não estava no carro. Refiz o caminho, mas não encontrei. Aí me ligaram do banco e disseram que o menino havia localizado. Não é qualquer pessoa que tem uma atitude dessa."
Lourenço deu ao jovem R$ 100 e um par de tênis. O empresário, que é dono de um supermercado em Pirajuí, disse que tentará arrumar um novo emprego para o adolescente.

O Brasil ainda tem jeito. Num país onde políticos milionários desviam verbas com uma grande cara de pau, um garoto que ganha 90 reais por mês dá um exemplo desse.
=]

sexta-feira, 29 de junho de 2007

"Um cara desses"- Eliane Cantanhêde - FOLHA

Em referência ao caso de selvageria que sofreu a doméstica Sirlei Dias de Carvalho :

"Quando os filhos são pequenos, chutam a canela da empregada, e os pais acham "natural", fingem que não vêem. Já maiores um pouco, comem o que querem, na hora em que querem, não falam nem bom-dia para o porteiro e desrespeitam a professora. Na adolescência, vão para o colégio mais caro, para o judô, para a natação, para o inglês e gastam o resto do tempo na praia e na internet. Resolvido.

Dos pais, ouvem sempre a mesma ladainha: o governo não presta, os políticos são todos ladrões, o mundo está cheio de vagabundos e vagabundas. "E quero os meus direitos!" Recolher o INSS da empregada, que é bom, não precisa. É assim que os filhos, já adultos, saudáveis, em universidades, são capazes de jogar álcool e fósforo aceso num índio, pensando que era "só um mendigo", ou de espancar cruel e covardemente uma moça num ponto de ônibus, achando que era "só uma prostituta".

A perplexidade dos pais não é com a monstruosidade, mas com o fato de que seu anjinho está sujeito -em tese- às leis e às prisões como qualquer pessoa: "Prender, botar preso junto com outros bandidos? Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses?", indignou-se Ludovico Ramalho Bruno, pai de Rubens, 19.

Dá para apostar que ele votou contra o desarmamento, quer (no mínimo) "descer o pau em tudo quanto é bandido" e defende a redução da maioridade penal. Cadeia não é para o filho, que tem estudo e dinheiro, um futuro pela frente. É para o garoto do morro, pobre e magricela, que conseguir escapar dos tiroteios e roubar o tênis do filho.

Isso se resolve com o Estado sendo Estado, com justiça, humanidade e educação -não só com ensino para todos e professores mais bem treinados e mais bem pagos, mas também com a elementar compreensão de que "o problema", e os réus, não são os pobres. Ao contrário, eles são as grandes vítimas."

domingo, 24 de junho de 2007

C I D A D A N I A - Atitudes que fazem a diferença

Certo dia, cerca de duas semanas atrás, deparei-me com uma cena nem um pouco corriqueira. Saindo do metrô, por volta das 13 horas, subindo a rua a caminho de casa, vejo um homem de terno e gravata, com uma pasta, aparentemente um executivo, limpando uma área próxima à estação. Sim, um espaço abandonado pela Prefeitura onde as pessoas - presumo eu - certamente vêem como depósito de lixo, pois além de papéis, copos, embalagens plásticas etc, há até fraldas descartáveis! Foi uma cena única. Lá estava um homem que, no meio do seu dia, decidiu fazer uma boa ação em nome do bem-estar geral. Queria estar com uma câmera fotográfica naquele instante para registrar o momento, porque pode até parecer uma calúnia.
Pela primeira vez, em muito tempo, eu percebi que ainda existem pessoas que acreditam naquela máxima: "Eu estou fazendo a minha parte para melhorar o mundo".
Hoje em dia, a noção de cidadania parece que se encontra estacionada nos direitos; não se fala mais sobre os deveres. Além disso, a palavra, de tão usada, parece estar desgastada, esvaziada. Os verdadeiros sentidos importantes que ela tem estão se perdendo no lugar-comum dos discursos.

“Obedecer às leis e as normas que regem a sociedade – seja no trânsito, na escola ou numa sala de cinema – é ponto de partida para o exercício da cidadania. Este é, porém, apenas o primeiro passo. Os seguintes não são explicitados pela lei e dependem do arbítrio de cada um: aí é que entram atitudes como separar o lixo reciclável, prestar algum serviço voluntário, fechar a torneira para economizar água. Esses gestos que não são legalmente obrigatórios, cuja desobediência não é punida, são fundamentais para o processo de participação na vida social e política do país.” (Como exercer sua cidadania – Coleção entenda e aprenda, BEI).

Não posso afirmar com certeza a intenção daquele homem ao tomar tal atitude, mas prefiro acreditar que foi sim um ato consciente de cidadania.
Cenas do cotidiano que servem pra pensar.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Pela descriminalização do aborto

E voltando ao aborto, encontrei essa matéria que dá uma panorama do assunto. Espero que ninguém mais escolha esse tema! E parabéns para o nosso grupo pelo seminário da Utopia. =)

"Ninguém é a favor do aborto. A pergunta é: a mulher deve ser presa? Deve morrer?" A declaração é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Defensiva, retrata como é difícil debater a descriminalização do aborto até 12 semanas de gestação (há um projeto em tramitação no Congresso). Pertinente, traz indagações que merecem discussão.Lula tem razão quando diz que ninguém é a favor do aborto. Colocar a discussão nesses termos é transformar num Fla-Flu um grave problema de saúde pública que atinge sobretudo os mais pobres. É simplificar nuances legais, morais, éticas, religiosas.Segundo dados do Ministério da Saúde, 220 mil mulheres procuram hospitais públicos por ano para tratar de seqüelas de abortos clandestinos. Há estimativas extra-oficiais de que sejam realizados mais de um 1 milhão de abortos por ano no Brasil.De 1941, a lei brasileira só permite a interrupção da gravidez em dois casos: se resultado de estupro e na hipótese de risco à vida da mãe. Fora disso, é crime. A pena pode chegar a três anos de prisão.Os ministros José Gomes Temporão (Saúde) e Nilcéa Freire (Políticas para as Mulheres) defendem a discussão e a eventual aprovação no Congresso da legalização do aborto até 12 semanas de gestação --período até o qual, segundo cientistas, não há relação entre os neurônios.Juridicamente, a morte cerebral é entendida como o fim da vida. Os defensores da legalização do aborto até 12 semanas, por analogia, argumentam que a vida começaria com a atividade cerebral. Daí a proposta desse prazo-limite, já adotado em países que legalizaram a interrupção da gravidez.Para o Vaticano e outro grupo de cientistas, a vida começa na concepção (fecundação do óvulo pelo espermatozóide). E essa vida dura até seu declínio natural. O papa, portanto, não admite aborto, inclusive nos casos previstos na lei brasileira. E também é contra a eutanásia.A Igreja Católica, o papa Bento 16 e qualquer cidadão contrário ao aborto têm o direito de defender seus pontos de vista e de lutar para que a legislação os contemple. As pessoas que desejam a legalização do aborto até 12 semanas de gestação também.Nenhuma das partes possui o direito de impor à outra o seu desejo. Numa democracia laica, essa decisão cabe ao conjunto da sociedade e aos legisladores _respeitando-se, sempre, o direito das minorias.Mais: não será a legalização (ou descriminalização) do aborto até 12 semanas que obrigará as seguidoras de Bento 16 a interromper a gravidez. Não parece razoável supor que o número de abortos vá aumentar ou diminuir em função dessa eventual alteração da lei.Pesquisa Datafolha realizada em março mostrou que 65% dos entrevistados não desejam mudar a atual legislação do aborto. Ou seja, é mínima a chance de modificação via plebiscito. Ao longo do debate, talvez possa haver alteração desse quadro, mas não é o provável.Seria possível, entretanto, mostrar que a ciência avançou a ponto de poder, por exemplo, detectar uma má-formação do feto que inviabilize a sua vida fora do útero. Nessa hipótese, é justo impor a gestação à mulher? Enfim, um plebiscito daria pelo menos a chance de a população ficar mais esclarecida.Mas Bento 16 e a Igreja Católica não aceitam plebiscito. Acusam os defensores da descriminalização do aborto de serem defensores da morte. Dizem que são a favor da vida e ponto, despejando dogmas com cartesianismo fundamentalista.Ora, interdição de debate não dá. Tampouco pressão política sobre o governo e o Congresso na base de ameaça de excomunhão.

Kennedy Alencar para FolhaOnline

A Universidade de Pequim e a USP

Aqui está um artigo relacionando a Universidade de Pequim e a USP. Foi feito por um professor de Princeton para a Folha. Vejam se vocês concordam...

Pequim fez convênios com universidades estrangeiras e briga por bons professores com salários mais elevados
NO FINAL de maio passado, em um almoço de fim de ano letivo na Universidade Princeton, sentei-me em uma mesa onde se encontravam três outros colegas economistas. A conversa, já em andamento, era sobre os planos para o verão do hemisfério Norte que começava, e descobri que nós quatro tínhamos programado palestras em universidades chinesas. Essa unanimidade reflete o interesse que a China desperta na academia americana, mas espelha também a preocupação chinesa em aprender com o resto do mundo e, em particular, de criar um sistema universitário de primeira linha. Um visitante à Universidade de Pequim, onde escrevo esta coluna, tem a impressão clara de que essa instituição tem a ambição de se tornar uma referência mundial em pesquisa e ensino. Pequim toma como modelos as universidades americanas e inglesas, que são as melhores do mundo. Por isso estabeleceu convênios com universidades estrangeiras e com empresas, corteja doadores, em particular os seus ex-alunos, e compete pelos bons professores e pesquisadores produtivos com salários mais elevados e melhores condições de trabalho. A anuidade paga pelos estudantes é, em geral, modesta, mas em alguns cursos que preparam para carreiras particularmente lucrativas pode chegar a US$ 4.000 anuais. Enquanto no Brasil discute-se um possível conflito entre pesquisa pura e "operacional", os chineses compreendem que as universidades nos EUA jogam um papel fundamental no processo de enriquecimento daquele país, realizando pesquisas e transferindo ou até mesmo comercializando as novas tecnologias, sem abandonar a sua missão principal de educar e fazer avançar o conhecimento humano. Foi na Universidade Stanford, na Califórnia, que Larry Page e Sergey Brin desenvolveram o algoritmo por trás do buscador Google. Mas, no período em que Page e Brin eram alunos de pós-graduação, professores em Stanford receberam o Prêmio Nobel em Física em três anos consecutivos. E um estudo sobre a efetividade da transferência de tecnologia e comercialização de descobertas em biotecnologia nas instituições de ensino em todo o mundo (ver www.milkeninstitute.org/pdf/ m2m2006-uni- tech.pdf), colocou nos três primeiros lugares o MIT, a Universidade da Califórnia e o Caltech -o que não é exatamente uma lista de escolas de segunda linha quando se trata do desenvolvimento do conhecimento básico. Isso tudo estabelece um grande contraste com a atual discussão sobre a Universidade de São Paulo. O debate sobre os decretos do governador de São Paulo é medíocre -as medidas propostas por Serra têm muito pouca importância. A USP tem a grande vantagem em relação a Pequim de estar em um país com ampla liberdade de expressão, mas, assim como as outras universidades públicas brasileiras, precisa de mudanças profundas na sua governança e na política de salários para professores e pesquisadores. É indispensável também encontrar novas fontes de financiamento que complementem as verbas públicas. Nesse contexto, cabe discutir um sistema, como aquele que existe na Austrália e que eu descrevi anteriormente nesta Folha, de contribuições de ex-alunos em razão da renda. Mas a reação corporativista dos que apóiam a ocupação da reitoria é um sinal de que as reformas necessárias exigiriam uma coragem que aparentemente falta aos nossos governantes. JOSÉ ALEXANDRE SCHEINKMAN, 59, professor de economia na Universidade Princeton (EUA), escreve quinzenalmente aos domingos nesta coluna.
Pequim fez convênios com universidades estrangeiras e briga por bons professores com salários mais elevados
NO FINAL de maio passado, em um almoço de fim de ano letivo na Universidade Princeton, sentei-me em uma mesa onde se encontravam três outros colegas economistas. A conversa, já em andamento, era sobre os planos para o verão do hemisfério Norte que começava, e descobri que nós quatro tínhamos programado palestras em universidades chinesas. Essa unanimidade reflete o interesse que a China desperta na academia americana, mas espelha também a preocupação chinesa em aprender com o resto do mundo e, em particular, de criar um sistema universitário de primeira linha. Um visitante à Universidade de Pequim, onde escrevo esta coluna, tem a impressão clara de que essa instituição tem a ambição de se tornar uma referência mundial em pesquisa e ensino. Pequim toma como modelos as universidades americanas e inglesas, que são as melhores do mundo. Por isso estabeleceu convênios com universidades estrangeiras e com empresas, corteja doadores, em particular os seus ex-alunos, e compete pelos bons professores e pesquisadores produtivos com salários mais elevados e melhores condições de trabalho. A anuidade paga pelos estudantes é, em geral, modesta, mas em alguns cursos que preparam para carreiras particularmente lucrativas pode chegar a US$ 4.000 anuais. Enquanto no Brasil discute-se um possível conflito entre pesquisa pura e "operacional", os chineses compreendem que as universidades nos EUA jogam um papel fundamental no processo de enriquecimento daquele país, realizando pesquisas e transferindo ou até mesmo comercializando as novas tecnologias, sem abandonar a sua missão principal de educar e fazer avançar o conhecimento humano. Foi na Universidade Stanford, na Califórnia, que Larry Page e Sergey Brin desenvolveram o algoritmo por trás do buscador Google. Mas, no período em que Page e Brin eram alunos de pós-graduação, professores em Stanford receberam o Prêmio Nobel em Física em três anos consecutivos. E um estudo sobre a efetividade da transferência de tecnologia e comercialização de descobertas em biotecnologia nas instituições de ensino em todo o mundo (ver www.milkeninstitute.org/pdf/ m2m2006-uni- tech.pdf), colocou nos três primeiros lugares o MIT, a Universidade da Califórnia e o Caltech -o que não é exatamente uma lista de escolas de segunda linha quando se trata do desenvolvimento do conhecimento básico. Isso tudo estabelece um grande contraste com a atual discussão sobre a Universidade de São Paulo. O debate sobre os decretos do governador de São Paulo é medíocre -as medidas propostas por Serra têm muito pouca importância. A USP tem a grande vantagem em relação a Pequim de estar em um país com ampla liberdade de expressão, mas, assim como as outras universidades públicas brasileiras, precisa de mudanças profundas na sua governança e na política de salários para professores e pesquisadores. É indispensável também encontrar novas fontes de financiamento que complementem as verbas públicas. Nesse contexto, cabe discutir um sistema, como aquele que existe na Austrália e que eu descrevi anteriormente nesta Folha, de contribuições de ex-alunos em razão da renda. Mas a reação corporativista dos que apóiam a ocupação da reitoria é um sinal de que as reformas necessárias exigiriam uma coragem que aparentemente falta aos nossos governantes.
JOSÉ ALEXANDRE SCHEINKMAN, 59, professor de economia na Universidade Princeton (EUA), escreve quinzenalmente aos domingos nesta coluna.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

ABORTO. Próximo tema?

Pensando não só num possível tema (certo, Dani?), mas também para nos atualizar mais, aqui vai um texto de José Roberto Goldim, da UFRGS, esclarecendo do ponto de vista jurídico o aborto no Brasil. No artigo, é nítido o quanto se dá para pensar no assunto. Afinal, o aborto deve ser legalizado? Mais um assunto em pauta para ser dicutido, na busca da Utopia!

Atualmente no Brasil o aborto é considerado crime, exceto em duas situações: de estupro e de risco de vida materno. A proposta de um Anteprojeto de Lei, que está tramitando no Congresso Nacional, alterando o Código Penal, inclui uma terceira possibilidade quando da constatação anomalias fetais.
Esta situação já vem sendo considerada pela Justiça brasileira, apesar de não estar ainda legislada. Desde 1993, foram concedidos mais de 350 alvarás para realização de aborto em crianças mal formadas, especialmente anencéfalos . Os juízes inicialmente solicitavam que o médico fornecesse um atestado com o diagnóstico da mal formação, além de outros três laudos para confirmação, um outro laudo psiquiátrico sobre o risco potencial da continuidade da gestação e um para a cirurgia. Ao longo deste período estas exigências foram sendo abrandadas.Em algumas solicitações os juízes não aceitaram a justificativa, e não concederam o alvará tendo em vista a falta de amparo legal para a medida. Em 2000 um advogado entrou com uma solicitação de medida liminar para impedir uma autorização de aborto de bebe anencéfalo no Rio de Janeiro. A mesma foi concedida.
Este tema tem sido discutido desde inúmeras perspectivas, variando desde a sua condenação até a sua liberação inclusive descaracterizando-o como aborto, mas denominando o procedimento de antecipação terapêutica de parto.
A nova redação proposta para o Código Penal, altera todos os três itens, é a seguinte:
Exclusão de IlicitudeArt. 128. Não constitui crime o aborto praticado por médico se:I - não há outro meio de salvar a vida ou preservar a saúde da gestante; II - a gravidez resulta de violação da liberdade sexual, ou do emprego não consentido de técnica de reprodução assistida;III - há fundada probabilidade, atestada por dois outros médicos, de o nascituro apresentar graves e irreversíveis anomalias físicas ou mentais.
Parágrafo 1o. Nos casos dos incisos II e III e da segunda parte do inciso I, o aborto deve ser precedido de consentimento da gestante, ou quando menor, incapaz ou impossibilitada de consentir, de seu representante legal, do cônjuge ou de seu companheiro;Parágrafo 2o. No caso do inciso III, o aborto depende, também, da não oposição justificada do cônjuge ou companheiro.A nova redação proposta pode dar margem a diferentes interpretações. No inciso I, por exemplo, o que é preservar a saúde da gestante ? No âmbito da Medicina as ações visam, em última análise, a preservação da saúde das pessoas. Qual a justificativa para o aborto, tendo por base um critério tão vago ?Os itens constantes no inciso II também merecem algumas considerações. Esta violação da liberdade sexual deverá ser denunciada e registrada junto a uma autoridade competente ? O ato médico de abortar o feto será realizado somente com autorização formal por escrito de um juiz ? Como caracterizar o não consentimento de uma técnica de reprodução assistida se a maioria dos profissionais que atuam na área ainda não tem o hábito de obter um consentimento informado de seus pacientes ? A probabilidade, e não o diagnóstico conclusivo de lesões no feto, pode levar a algumas situações bastante delicadas. Os médicos que o anteprojeto de lei se refere devem ter familiaridade com a área de diagnóstico pré-natal de anomalias fetais ? O critério de grave e irreversível anomalia física ou mental está restrito a condição da criança imediatamente após o parto ou pode ser ampliada para situações que irão ocorrer a longo prazo ? Um exemplo disto pode ser o diagnóstico preditivo de Doença de Huntington em um feto. Este diagnóstico, que irá manifestar-se somente na quarta década de vida, constitui um motivo para a realização do aborto ? Estas e outras questões devem servir de base para uma reflexão adequada sobre a adequação da realização de abortos eugênicos.
Anteprojeto de Lei que altera dispositivos do Código Penal e dá outras providências

terça-feira, 12 de junho de 2007

LEI ÁUREA - 13 de maio de 1888 - Fim da escravidão?

TRABALHO ESCRAVO - Carta Maior

Ação na Ilha de Marajó acaba com escravidão de 20 anos

Grupo móvel de fiscalização libertou 30 pessoas de trabalho escravo em fazenda de criação de búfalos, no município marajoara de Soure, no Pará. Isolados e presos por dívidas, alguns trabalhavam há duas décadas no localBeatriz Camargo - especial para Carta Maior

SÃO PAULO - O grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) encerrou uma ação que libertou 30 pessoas da escravidão, na última sexta-feira (1), na fazenda Santa Maria, no município de Soure, na Ilha do Marajó, Estado do Pará. Os trabalhadores cuidavam da criação de búfalos e alguns moravam no local há 20 anos. O proprietário da fazenda, Ovídio Pamplona Lobato, é médico e reside em Belém (PA).

De acordo com o auditor fiscal do trabalho, Humberto Célio Pereira, coordenador da ação de libertação, os trabalhadores estavam presos por intermédio de dívidas. "Eles tinham que comprar tudo na cantina, desde botas até comida", relata. Os trabalhadores não tinham sequer acesso ao valor dos produtos comprados, que era descontado diretamente de seus respectivos salários. Apenas sabiam que a dívida, na maioria das vezes, ultrapassava o valor do que deveriam receber. Pelo acordo verbal, eles deveriam receber mensalmente um salário mínimo (R$ 380,00). Em 2006, porém, o ganho anual de alguns trabalhadores foi de R$ 500,00.

A Santa Maria também praticava a retenção de documentos, outro elemento típico presente em casos de trabalho escravo. "O patrão pegava a carteira de trabalho para assinar e não devolvia", conta o auditor. Além disso, na sede da fazenda, foram encontradas nove armas de grosso calibre, entre elas dois fuzis de uso restrito das Forças Armadas.

Ainda de acordo com o coordenador da ação, os trabalhadores moravam em taperas com suas famílias. Não havia energia elétrica, condições sanitárias ou água potável. Toda a água vinha da chuva ou, na estação seca, dos igarapés. A que vem dos rios é barrenta e levemente salobra, mas era consumida, conforme relato de Pereira, sem nenhum tratamento.

A propriedade tem 30 mil hectares. Quatro peões faziam a limpeza do pasto e os demais cuidavam dos animais. Quatro adolescentes - um de 13 anos, dois de 15 e um de 16 - estavam entre o grupo que foi libertado. Crianças que moravam na propriedade não tinham acesso à escola.

Outro fator que contribui para caracterização do trabalho escravo é o isolamento do local. A Fazenda Santa Maria está a 12h de barco de Belém e a 1h de barco da cidade mais próxima. Cestas básicas e produtos para a cantina chegavam num barco enviado mensalmente pelo proprietário. Quando o grupo móvel chegou ao local, no entanto, os trabalhadores passavam fome, porque a embarcação do mês de maio ainda não havia chegado. "Eles estavam comendo camaleão com farinha e peixe pescado nos igarapés", discorre o coordenador da ação.

Acordo
Ovídio Lobato firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT) no qual se comprometeu a pagar R$ 610 mil ao grupo dentro de um prazo de 60 dias. Nesta data, a equipe que fiscalizou a fazenda vai voltar ao local para acompanhar o acerto. O Ministério Público deverá entrar com uma ação civil pública contra Ovídio, que também vai responder um processo criminal por trabalho escravo e posse ilegal de armas.

Beatriz Camargo é membro da ONG Reporter Brasil _________

ABSURDO - Como o ser humano pode, em pleno século XXI, manter outros seres humanos sob meio de dominação. A escravidão, nos estados de N e NE, ás vezes ainda se faz presente. Este senhor, Ovídio Lobato, deve ser preso e condenado a anos de prisão. Deve ser um desequilibrado mental. Esse tipo de escravidão só é visto em novelas com cenários antigos. Reter documentos, moradia em taperas sem condição nenhuma de vida...que absurdo.
Lei Áurea? - Brasil: Aplique a Lei da Vergonha na Cara, já!

domingo, 10 de junho de 2007

A Falsa Eternidade - Carlos Drummond de Andrade

O verbo prorrogar entrou em pleno vigor, e não só se prorrogaram os mandatos como o vencimento de dívidas e dos compromissos de toda sorte. Tudo passou a existir além do tempo estabelecido. Em conseqüência não havia mais tempo.
Então suprimiram-se os relógios, as agendas e os calendários. Foi eliminado o ensino de História, para que História? Se tudo era a mesma coisa, sem perspectiva de mudança.
A duração normal da vida também foi prorrogada e, porque a morte deixasse de existir, proclamou-se que tudo entrava no regime de eternidade. Aí começou a chover, e a eternidade se mostrou encharcada e lúgubre. E o seria para sempre, mas não foi. Um mecânico que se entediava em demasia com a eternidade aquática inventou um dispositivo para não se molhar. Causou a maior admiração e começou a receber inúmeras encomendas. A chuva foi neutralizada e, por falta de objetivo, cessou. Todas as formas de duração infinita foram cessando igualmente.
Certa manhã, tornou-se irrefutável que a vida voltara ao signo do provisório e do contingente. Eram observados outra vez prazos, limites. Tudo refloresceu. O filósofo concluiu que não se deve plagiar a eternidade.

Contos Plausíveis, in Andrade, C. D. (1992): Poesia e Prosa, Rio de Janeiro: Aguilar, pg. 1233.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

AMANHÃ










LEMBRANDO QUE AMANHÃ FAREMOS UMA REUNIÃO E UM ENSAIO DA NOSSA APRESENTAÇÃO.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Relações entre os temas.

Partindo da proposta do nosso próximo seminário relacionado ao conceito de Utopia e dando uma olhada nas últimas postagens do nosso blog, é adequado que relacionemos um pouco essas duas coisas. Afinal, só tenho lido ultimamente textos sobre corrupção, protestos, impostos, entre outros assuntos que, convenhamos, não são os mais agradáveis de serem abordados. E, justamente por isso, não são esses os problemas que enfrentaríamos num mundo idealizado, num mundo utópico onde não teríamos motivo para discutir algo que nem sequer existiria.
Sendo assim, o pensamento idealista é uma forma de ação que provoca o movimento das pessoas em prol de uma causa mais justa, fazendo com que essas tenham uma visão mais crítica da sociedade em que vivem.
A utopia serve, portanto, como um instrumento de transformação social. Trata-se de uma realidade que visa, como ensina o mestre João Baptista Herkenhoff, "desmascarar a falsidade da ideologia estabelecida". E, sabiamente, continua o mestre: "O presente pertence aos pragmáticos. O futuro é dos utopistas"!
Talvez no mundo idealizado por nossas mentes, as “páginas” desse blog seriam vazias, pois não haveria nada para ser melhorado.

Enfim, esse assunto será devidamente discutido e aprofundado no dia da nossa apresentação (12/06), portanto, esperem até lá!


Abaixo, segue uma curiosidade, a capa de uma revista acadêmica que reserva todo o seu espaço para tratar dessa discussão.




Saiba + - http://www.utopiaandutopianism.com/1.htm

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Exageros e exageros.....

Depois de inúmeros protestos em Caracas e uma péssima repercussão do caso pelo mundo, a RCTV não conseguiu retomar a sua concessão de funcionamento. Unidos aos gritos inconformados da ferrenha oposição ao governo Chávez, estão os berros de milhares de dondocas da elite venezuelana que não mais terão o direito de assistir a uma programação sem conteúdo político. O canal vetado era um dos únicos ainda, dentre os abertos, que não divulgava uma programação bolivariana e marxista 24 horas por dia.

A imprensa brasileira publicou, em seu radicalismo de praxe, inúmeros artigos a respeito do caso. Da demonização de Chávez, pelo O Estado de São Paulo, à glorificação do regime bolivariano, pela Carta Capital, assistiu-se ao espetáculo do pieguismo, em que os veículos de comunicação se digladiavam em busca do "troféu conservadorismo". Os excessos tanto das redações de orientação esquerdista como das de predisposição direitista revelaram o quão arcaica é a opinião pública brasileira. Parece que a nossa imprensa ainda vive em um mundo dividido em duas doutrinas. O que se diz comunista hoje é tão conservador quanto um ex-milico.

O golpe sofrido pelo governo Chávez, no ano de 2002, teve grande apoio da RCTV, a qual omitiu informações e contribuiu à sua realização. Para quem assistiu ao documentário irlandês A Revolução não será televisionada, sabe que o apoio da rede televisiva foi maciço e antiético. Dias antes à deposição do presidente bolivariano, a transmissão da ameaça de um golpe, que seria realizado pelo alto comando militar venezuelano, foi uma prodigiosa maneira de manter Chávez no país para que a sua deposição fosse legítima.

A maneira democrática de agir nesse caso, mesmo que, segundo o próprio Chávez, a rede tenha incitado a população a matá-lo, seria recorrer à corte suprema. Agir da forma despótica como o presidente venezuelano agiu é uma auto-afirmação de que existe uma ditadura no país. Além do mais, o simples fato de Chávez não ter criado uma comissão de inquérito para investigar o caso – mesmo que o congresso chavista negasse a concessão - é mais uma evidência ditatorial.


A rede RCTV mereceu ser impossibilitada de funcionar em canal aberto. Mas não da maneira como ela foi fechada. Há uma ditadura na Venezuela e ela não deve ser condecorada. Assim como um canal de comunicação não deve ser aclamado por ter agido contra o direito democrático de liberdade de informação. A RCTV foi tão ditatorial quanto Chávez. Não sejamos cegos e muito menos radicais como os péssimos exemplos da imprensa brasileira.





domingo, 27 de maio de 2007

Estudo avalia que Brasil perde R$ 1,5 bi por ano com corrupção

Para especialista, impacto é sobre investimentos, gastos do governo, inflação, educação e credibilidade do País

Por Patrícia Campos Mello

Além dos milhões de reais desviados dos cofres públicos e consumidos em propinas todos os anos, a corrupção custa ao Brasil cerca de R$ 1,5 bilhão por ano em perdas indiretas. Esse é o total de recursos que deixam de ser gerados por causa dos efeitos da corrupção sobre os investimentos, os gastos do governo, a inflação, a educação e a credibilidade do País, segundo cálculos do especialista Axel Dreher, professor do centro de pesquisas de conjuntura do Instituto Econômico Suíço. Com esse dinheiro, o governo federal poderia tapar os buracos de 4 mil quilômetros de estradas.

De acordo com os cálculos de Dreher, o Brasil perde por ano, em média, 0,08% do PIB por causa de custos indiretos da corrupção (em valores de 2006, US$ 715 milhões). Em PIB per capita, o País deixa de ganhar US$ 270 todos os anos. “A corrupção leva à queda do investimento estrangeiro direto, as elites cleptocratas ganham renda à custa de uma possível redução da pobreza, e enquanto os efeitos no volume de investimentos do governo não são claros, há uma evidente perda de qualidade nesses investimentos”, diz Dreher, que é autor de vários estudos em que calcula o impacto da corrupção sobre expectativa de vida, escolaridade, investimento, gastos do governo e inflação.

Em relação ao investimento estrangeiro direto, por exemplo, a corrupção funciona como um imposto de entrada. Estudos mostram que elevação de 1 ponto em índices de corrupção corresponde a um aumento de 7,5 pontos porcentuais em impostos.

No setor público, os recursos são desperdiçados porque a corrupção leva a projetos desnecessários ou inadequados e os preços cobrados em licitações direcionadas são inflacionados. Além disso, estudos mostram que há significativo aumento de gastos militares e em obras, e queda de investimentos do governo em saúde e educação. A corrupção também leva à redução da arrecadação de impostos.

Segundo Daniel Kaufman, diretor do Instituto Banco Mundial e um estudioso do assunto, não há sinais de que a corrupção tenha diminuído no Brasil nos últimos 10 anos, embora haja melhoras pontuais, como em telefonia e energia. “Há muitos países com índices de corrupção piores do que o Brasil”, diz Kaufman. “Mas dado o status de potência do Brasil na região e no mundo, os brasileiros deveriam se esforçar para entrar também na liga dos países poderosos que têm boa governança e combatem a corrupção.”

CLASSIFICAÇÃO
Combater a impunidade é essencial para que a percepção de corrupção caia nos países e prejudique menos a economia, diz Christopher McKee, editor-chefe do PRS Group. Ele elabora a International Country Risk Guide, que classifica os vários riscos para investidores e empresas nos diversos países, entre eles a corrupção. “Sempre analisamos medidas concretas que estão sendo tomadas para combater a corrupção, a quantidade de funcionários públicos processados, empresários punidos”, explica. No quesito corrupção, o Brasil obteve a nota 2 em dezembro do ano passado - numa escala de 0 a 6, em que 6 é a melhor. Só para comparar, Noruega tem nota 5 e o Zimbábue, 0. Com dois pontos, o Brasil empata com a Somália.

VARIÁVEIS
Para seu estudo, Dreher considera índices de corrupção entre 1984 e 2006 e calcula as perdas todo ano em que o País supera a média mundial de corrupção. Em alguns anos, o Brasil foi bem e ficou com um índice bem acima da média. Em outros, não. Dreher faz a ressalva de que os números podem variar, porque podem ser usados diferentes índices para medir a corrupção, em períodos diferentes, considerando outras variáveis.

Claudio Weber Abramo, diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, aponta para as dificuldades de medir custos da corrupção. “Apenas parte da corrupção é detectada, como nos casos dos sanguessugas, navalhas e companhia. Se nem mesmo nesses casos é possível estimar com alguma precisão qual foi o desperdício envolvido, imagine nos casos que passam despercebidos”, argumenta Abramo. “Há ainda uma questão importante que é a direção da causalidade: o argumento de Dreher pretende exibir causalidade entre corrupção e crescimento econômico, mas a causalidade pode perfeitamente ser inversa, a saber, baixo crescimento econômico implica maior corrupção.”

Domingo, 27 de maio de 2007 - O Estado de S. Paulo

sábado, 26 de maio de 2007

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Quase 5 meses de impostos!!!!

23/05/2007 - 18h04 - UOL- ECONOMIA
Brasileiro trabalha quase 5 meses só para pagar impostos

SÃO PAULO - O dinheiro que o contribuinte brasileiro ganhar com trabalho até dia 26 de maio deste ano será totalmente destinado ao pagamento de tributos, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) nesta quarta-feira (23).

Para pagar todos os impostos, taxas e contribuições exigidos pelos governos federal, estadual e municipal, o brasileiro teve que trabalhar 4 meses e 26 dias (146 dias). Na década de 1970, o cidadão trabalhava 2 meses e 16 dias para pagamento dos tributos; na de 1980, 2 meses e 17 dias e, na década de 1990, 3 meses e 12 dias.

Comprometimento da renda

Segundo o levantamento, ao pagar os tributos, o cidadão brasileiro comprometerá 40,01% de seu rendimento bruto em 2007. Em 2003, este comprometimento era de 36,98%; em 2004, de 37,81%; em 2005, de 38,35% e, em 2006, de 39,72%.

A tributação incidente sobre os rendimentos (salários, honorários etc.) é formada, principalmente, pelo Imposto de Renda Pessoa Física, pela contribuição previdenciária e sindicais. Além disso, ainda existem a tributação pelo consumo (PIS, Cofins e outros) e pelo patrimônio (IPTU, IPVA).

Outros países

Enquanto no Brasil se trabalha 146 dias para conseguir pagar os tributos, nos vizinhos Argentina (97 dias) e Chile (92 dias) não se trabalha nem cem dias. A título de comparação, o levantamento do IBPT ainda mostrou que na Suécia são necessários 185 dias; na França, 149; na Espanha, 137, e nos Estados Unidos, 102 dias.

O Brasil é o Rei dos Impostos. Tamanha arrecadação nos coloca como líderes do IDH.
Não??O governo arrecada tanto dinheiro, e continuamo sendo um dos piores no IDH ? Um dos piores em saúde, em violência, em emprego, em tudo de ruim??
Ah, mas vá lá, somos penta-campeões mundiais.
Pra frente Brasil,salve a seleção!

terça-feira, 15 de maio de 2007

Lula diz que servidores usam greve como ´férias´

Gente, eu sei que já discutimos esse tema no nosso primeiro seminário, mas achei legal postar essa matéria.
Estadão - 15 de maio de 2007
Para presidente, ´servidor público não tem patrão e prejudicado é o povo brasileiro´
SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta terça-feira, que não quer que servidores públicos recebam pelos dias parados em greve. "Não são férias". Para o presidente, quando funcionários de fábricas fazem greve visa-se causar um prejuízo econômico ao patrão para pressionar por suas reivindicações. "O servidor público não tem patrão e o prejudicado é o povo brasileiro".
Ao ser perguntado sobre a proposta de regulamentar a greve de servidores públicos, em coletiva de imprensa, o presidente afirmou que dirigiu as principais greves no País quando foi dirigente sindical e, por isso, sente-se confortável para tratar do assunto.
Lula lembrou que quando organizava paralisações sabia que os trabalhadores podiam perder descanso de domingo, dias de férias e até o FGTS. "Algumas categorias ficam 40, 60, 80, 100 dias de greve e recebem pagamentos. Isso pode ser greve? Não. Isso é férias, na minha visão sindical". O presidente afirmou que manterá uma discussão com as centrais sindicais e garantir também um contrato coletivo de trabalho.
Ainda na coletiva, Lula questionou a greve do Ibama. "Por que o Ibama está em greve, não sei", disse o presidente, lembrando que a ministra do Meio Ambiente decidiu fazer mudanças no licenciamento ambiental e na preservação dos parques, depois de quatro anos de estudos.
Para o presidente, as pessoas deveriam primeiro permitir as mudanças para depois saber se elas serão prejudiciais. Segundo ele, a ministra Marina Silva demonstrou que era preciso modernizar o Ibama. "As pessoas têm medo de mudanças", disse. Ele citou o caso da atuação de Osvaldo Cruz que quando propôs que as pessoas se vacinassem quase foi linchado.