quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Após Renan, CCJ do Senado aprova fim do voto secreto

(trechos da notícia)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007


BRASÍLIA - Por unanimidade, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, aprovou nesta quarta-feira, 19, a proposta de emenda constitucional (PEC) que determina o fim do voto secreto para todas as votações do Congresso nacional. A decisão vem apenas uma semana depois da absolvição, por voto secreto, do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Apesar de Renan ter escapado do processo de cassação por 40 votos a seu favor, 35 contra e 6 abstenções, a comissão fez apologia do voto aberto.

[...] Na reunião da CCJ, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), sugeriu ainda que, como houve consenso para acabar com o voto secreto para julgar os processos que recomendam cassação de mandato, os senadores poderiam tornar público seus votos no julgamento de Renan. O senador tucano vai consultar se isso é possível, mas assessores jurídicos entendem ser uma iniciativa inviável e até ilegal, levando em conta o sigilo do voto. Para abrir a votação seria preciso violar o painel de votação eletrônica do Senado.

[...] O parecer de Jereissati determinava o voto aberto apenas para casos de cassação e algumas outras votações, mas acabou acolhendo a proposta do senador Paulo Paim (PT-RS) de voto aberto em todas as circunstâncias, para que a PEC tivesse, com apoio da base governista, prioridade de votação no plenário do Senado.

Antes de apreciá-la, os senadores têm primeiro que limpar a pauta da casa, trancada por cinco medidas provisória e um projeto de lei que tramita em caráter de urgência. Se aprovada, a PEC será enviada para a Câmara.

O Senado tem a prerrogativa constitucional de votar secretamente as indicações de autoridades para cargos específicos, como embaixadas, agências reguladoras e Banco Central e dos ministros do Judiciário. Todas essas votações, incluindo os vetos presidenciais, não poderão ser fechadas, caso a PEC seja aprovada em dois turnos no Senado e depois pela Câmara.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Transmissão de uma certa partida de futebol....

"Olá Brasil, estamos chegando. A Rádio Nossa Utopia mostra para você, ao vivo, o jogo entre o Brasil e a Impunidade Futebol Clube. O jogo na verdade foi às escondidas, secretamente realizado em Brasília, mas nós tivemos acesso e mostramos para vocês ouvintes da melhor Rádio/blog do país.
O time do Brasil conta com muitos atletas famosos como: Povo, Ética, Sociedade e o Justiça. O time da Impunidade vem a campo com jogadores já conhecidos no país, os principais são: Lobista, Vergonha, Renan e Laranja. O técnico da Impunidade não pôde contar seis jogadores que se abstiveram, inclusive o atacante Aloísio.
Torcedores foram barrados na entrada do estádio, parece que sues ingressos de nada valem. A pancadaria toma conta da porta do estádio.
Bola rolando. Jogo violento e de muitos gols. Lobista toca para Renan, ninguém segura eles: Gol.
E lá vem o Povo, dribla para a direita, dribla para a esquerda, cruzou na área para Justiça, mas foi interceptado. Justiça falha novamente. Vem de novo o Povo, mas é derrubado. É falta de Vergonha. O jogador foi advertido com cartão vermelho. O time da Impunidade vai ter que jogar sem Vergonha.
O placar mostra o Brasil levando um chocolate da Impunidade. Que ataca agora com Renan, ligou o jogo pro Laranja, que troca de passes magníficos, limpou... Gol.
Esse Laranja é um bom jogador... Acho que vai ganhar um belo bicho no final da partida.
E vem o time do Brasil com Sociedade, quem sabe agora Justiça obtém êxito. Mas não, o Laranja derruba a Sociedade e o juiz nada faz. Ele fingiu que não viu o Laranja. Nesse país ninguém vê nada!
Ética está sumido no jogo, heim? Alguém o viu em campo?
Vem de novo o time do Brasil, mas o que é isso? Renan trapaceou em campo. O STJD deveria aplicar uma grande suspensão neste jogador. Mas que beque de fazenda de Alagoas! Porém, nós bem sabemos que, neste jogo, peixe grande nunca é pego.
Impunidade domina o jogo. Parece que escolheu táticas certas, os jogadores fizeram acordos entre si e sabem bem seus posicionamentos na partida. Cada um sabe o que deve fazer. Mas o Brasil segue resistindo...
Infelizmente não deu. Apita o árbitro supremo. O Brasil perde novamente.
Resultado Final: Vitória da Impunidade sobre o Brasil. 40 x 35.
O Povo chora, Justiça irá se aposentar, Sociedade lamenta e o Ética... Bom, este ainda não apareceu. "


PS: Os nomes dos jogadores são fictícios e qualquer semelhança com algum caso recente da lamentável política brasileira, é mera coincidência.

Por Marcelo Braga (Confira o site http://dominiodabola.wordpress.com)

domingo, 16 de setembro de 2007

Extensa lista de favores possibilitou a Renan se livrar da cassação

Domingo, 16 de Setembro de 2007 - O Estado de S. Paulo


Foi à base de favores - agora muito bem cobrados - que Renan Calheiros (PMDB-AL) conseguiu boa parte dos 46 votos para sua absolvição, na quarta-feira, no processo por quebra de decoro parlamentar. Alguns desses favores são muito pequenos, difíceis até de acreditar que ocorram no Senado - como vista grossa para o gasto a mais de algumas resmas de papel ou manifestação da solidariedade masculina na autorização para a viagem ao exterior de senadores interessados em levar consigo alguém muito especial.


Na extensa lista de ajudinhas tem ainda transferência de funcionários do Estado de origem do senador para Brasília, contratação de parentes, gabinetes amplos, escolha de apartamento funcional em bom estado ou virado para o nascente, troca do velho carro oficial por um novinho e até o estouro na cota de combustível. Coisas que seriam comuns em uma Câmara de vereadores do interior são largamente usadas no plano federal e concentradas na mão de um único homem. Tudo isso somado à influência sobre ministérios, bancadas e governo.


O presidente do Senado é um dos fiadores da aliança PT-PMDB-Planalto, tem poder político, mas quem percorre a Casa se depara com uma ostensiva coleção de pequenos favores feitos a uma extensa maioria.


Isso, somado ao fato de ter se tornado figura-chave para projetos do governo ao longo de quase três anos à frente de dois mandatos na presidência do Senado, fez com que Renan se salvasse no processo em que era acusado de ter despesas pessoais pagas por Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. Entre as despesas, pensão e aluguel à jornalista Mônica Veloso, com quem Renan tem uma filha fora do casamento.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

SEGUNDO O TIO AURÉLIO....

ABSOLVER => v.t. Relevar de culpa ou pena; declarar inocência; * Absolvição sf.

IMPUNE => adj. Que escapou à punição * impunidade sf.

VERGONHOSO => adj. 1.Que desonra, infame.
2.Obsceno, indecoroso.

"Brasil, mostra tua cara,
Quero ver quem paga, pra gente ficar assim."

Cazuza

A lei do mais forte

Estou de luto. Não, não há por que vocês me desejarem pêsames ou condolências. Nenhum ser concreto morreu. Faleceu aquela que por último deveria se revelar moribunda. Aquela que vive nos peitos juvenis e se resigna nos peitos idosos. Morreu, infelizmente, a minha ESPERANÇA.

Depois de ligações que me incomodaram e que causaram desavenças em meu lar, tirei um dos meus textos desse blog. Um texto de pequenas pretensões que seria lido por um ou dois colegas. No entanto, esperava que pelo menos neles surgisse um lampejo de indignação ou um muxoxo - daqueles produzidos diariamente pelas bocas esfomeadas e caladas do povo brasileiro. O meu pequeno texto, contudo, tomou um rumo diferente. Cresceu, cresceu e cresceu. Até porque quem se incomoda com a verdade tem algo a esconder.

O coitadinho, que agora tinha pretensões a um textão, era somente mais um novo famoso - daqueles que se mantêm na mídia por apenas 15 minutos. Depois desse mísero tempo, o meu amigo caiu, caiu e caiu. Hoje, ele é mais que um anônimo: é um desaparecido!

Em terras distantes, onde letras e palavras vagam - sufocadas pela lei do mais forte -, caminha o meu prodígio textinho. Felizmente, ou infelizmente para a democracia nacional, ele não se encontra só. Ao seu lado, tenra e cabisbaixa, está a minha preciosa esperança de que um dia a justiça e os fracos reinarão nesse país.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Música para o momento.

HáTempos - Legião Urbana

Parece cocaína mas é só tristeza, talvez tua cidade Muitos temores nascem do cansaço e da solidão E o descompasso e o desperdício herdeiros são Agora da virtude que perdemos. Há tempos tive um sonho Não me lembro não me lembro Tua tristeza é tão exata E hoje em dia é tão bonito Já estamos acustumados A não termos mais nem isso. Os sonhos vêm E os sonhos vão O resto é imperfeito. Disseste que se tua voz tivesse força igual À imensa dor que sentes Teu grito acordaria Não só a tua casa Mas a vizinhança inteira. E há tempos nem os santos têm ao certo A medida da maldade Há tempos são os jovens que adoecem Há tempos o encanto está ausente E há ferrugem nos sorrisos E só o acaso estende os braços A quem procura abrigo e proteção. Meu amor, disciplina é liberdade Compaixão é fortaleza Ter bondade é ter coragem E ela disse: - Lá em casa têm um poço mas a água é muito limpa.

O professor Lira fez um rápido comentário, falando que essa música retrata exatamenteo estado de anomia em que estamos vivendo atualmente. E acho que só a partir do momento em que percebermos que a solução está em nossas mãos, é que mudaremos isso!

Aliás, que tal um protesto contra a PALHAÇADA do Senado nesta terça-feira?

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Para pensar...

“Sendo Noé lavrador, passou a plantar uma vinha. Bebendo do vinho, embriagou-se e se pôs nu dentro de sua tenda. Cam, pai de Canaã, vendo a nudez do pai, fê-lo saber, fora, a seus dois irmãos. Então, Sem e Jafé tomaram uma capa, puseram-na sobre os próprios ombros de ambos e, andando de costas, rostos desviados, cobriram a nudez do pai, sem que a vissem. Despertando Noé do seu vinho, soube o que lhe fizera o filho mais moço e disse: Maldito seja Canaã; seja servo dos servos a seus irmãos. E ajuntou: Bendito seja o Senhor, Deus de Sem; e Canaã lhe seja servo. Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de Sem; e Canaã lhe seja servo”

Fonte: Bíblia Sagrada (Gênesis 9, 20-29)

Conforme a Bíblia, os 3 filhos de Noé deram origem a 3 linhagens:
CAM ---> negros (África)
SEM ----> semitas (Oriente)
JAFÉ ---> brancos (Europa)



Até na Bíblia...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A anulação do leilão da Vale do Rio Doce

Movimentos sociais - entre eles a CNBB, o MST, a CUT e a UNE - convocam a população brasileira a opinar, entre os dias 1 e 7 de setembro, a respeito da anulação do leilão de privatização da mineradora Vale do Rio Doce. Privatizada em um processo escuso e com um histórico de críticas e denúncias de falcatruas, a empresa que valia em 1997 aproximadamente 100 bilhões de dólares foi leiloada por irrisórios 3 bilhões. O Supremo Tribunal Federal - que se tornou exemplo nacional depois de fazer simplesmente o seu trabalho: acusar os 40 mensaleiros a um processo de investigação - tarda a averiguar mais de 69 ações judiciais a favor da anulação do leilão que tramitam no órgão há mais de 3 anos. O que os movimentos populares nacionais pretendem fazer é justiça com as próprias mãos, enquanto os tribunais brasileiros mantêm os processos de investigação sob as mofadas casacas dos baicharéis, esperando pela rotineira prescrição.

A Vale é hoje a maior empresa privada brasileira e a segunda maior empresa atuante no Brasil, depois da Petrobrás. Ela detém a maior frota de transportadores de grãos do mundo e é a maior captadora de minério de ferro do globo. Não há grupo empresarial que mais usufrua das riquezas minerais brasileiras que a mineradora. Ou seja, perdemos uma empresa de valor inestimável ao país e que permite com que multinacionais - que a compraram por um preço de pechincha - lucrem com a exportação de recursos nacionais.

O processo de privatização da Vale causou polêmicas logo no anúncio de que a empresa seria leiloada, em 1995. O governo de Fernando Henrique Cardoso, embalado pela onda do neoliberalismo latino-americano, alegou a insustentabilidade da empresa aos cofres públicos brasileiros e propôs a sua venda em um leilão. O dinheiro obtido seria destinado ao pagamento de dívidas nacionais e internacionais, obtendo maior credibilidade estrangeira e, consequentemente, atraindo mais investimentos ao país. Eu não culpo Fernando Henrique pela venda. O neoliberalismo foi um espírito econômico de época, o qual ludibriou as nações subdesenvolvidas - crentes de que as intenções do Consenso de Washington eram as mais inocentes possíveis. O propósito de FHC, de atrair investimentos internacionais, foi o mesmo princípio político usado pelo presidente Lula em sua economia de "commodities".

A esquerda nacional se torna pedante e cega ao criticar a política ecônomica de FHC, repetida pelo presidente Lula. Entretanto, algumas avaliações negativas do leilão - feitas pela mesma esquerda nacional - são corretas e muito pertinentes. Ao avaliar o valor de mercado da Vale do Rio Doce, para lançar um preço de venda aos interessados em comprá-la no leilão de 1997, o edital do banco Bradesco e a consultoria estadunidense Merrill Lynch sugeriram um valor de 3,3 bilhões de reais. No entanto, segundo outras consultorias nacionais, esse valor seria o triplo do sugerido. O interessante é que a empresa que comprou a Vale foi a mesma que avaliou o seu valor de mercado, ou seja, o próprio Bradesco.

O plebiscito é uma prática saudável da democracia brasileira e deve, portanto, ser estimulado. Contudo, afirmar de maneira presunsosa que a Vale se tornará maior do que é hoje nas mãos estatais é um sonho utópico-comunista. Sem concorrência ativa no mercado capitalista, com a injeção maciça de investimentos privados, a Vale é uma forte concorrente a se tornar sucateada como muitas das empresas estatais da história nacional. Caso, no entanto, a sua administração seja uma mistura entre capital privado e estatal - onde o estado seja o sócio majoritário de suas ações, como é o modelo administrativo da Petrobrás -, é possível que ela se torne tão excelente ou até melhor do que é hoje. Isso só depende de eficiência governamental e vontade de que tudo dê certo.