quinta-feira, 10 de maio de 2007

A imprensa é realmente neutra e objetiva?

Como todos devem estar sabendo a reitoria da Universidade de São Paulo (USP) foi ocupada pelos estudantes, que reinvidicam uma pauta com 14 pontos, entre eles a construção de mais moradias no Campus Butantã (Cidade Universitária), na USP Leste (EACH) e demais campi no interior e um posicionamento em relação aos decretos do governador José Serra que atacam a autonomia do ensino superior público do estado´.
Não estou aqui para discutir ou falar sobre a ocupação. Mas o que me intriga foi a cobertura dada ao caso por parte (a maioria) da imprensa. No dia da ocupação (03/05 por volta das cinco e meia da tarde), havia sido marcada uma audiência pública com a reitora, que já tinha avisado que não compareceria por estar viajando mas que mandaria o vice-reitor para representá-la. Pois bem, ninguém apareceu. Os estudantes então desceram do prédio da Geografia/História em direção à reitoria para entregar um carta pedindo uma posição pública da reitoria em relação aos decretos - a reitoria da USP foi a única das três reitorias das universidades estaduais paulistas (USP, UNESP, UNICAMP) que não se posicionou. Chegando na entrada da reitoria, os estudantes foram impedidos de entrar. Sem ninguém para recebê-los, eles ocuparam a reitoria quebrando apenas a porta de entrada.
Vamos ao que interessa, a cobertura da ocupação, principalmente as notícias do dia. Algumas horas depois começaram a pipocar nos sites de notícia da internet reportagens sobre o acontecimento. Diga-se de passagem que só havia um repórter do jornal 'Folha de S. Paulo'. Descaradamente acontecimentos falsos apareceram com o claro objetivo de desmoralizar a ocupação. Todo mundo já tem uma leve noção de que a imprensa é sempre parcial para um lado e isso se nota em sutilezas. Mas nesse dia eu fiquei assustado em ver como mentiras são criadas tão facilmente e para alguém que não estava no momento pode se tornar verdade, ou seja, é uma clara manipulação. Vale lembrar que havia apenas um repórter lá e era de um jornal que ficaria pronto no dia seguinte. Sites como o Folha Online (o mais mentiroso de todos) divulgaram notas fícticias do acontecimento sem nenhum pudor.
A questão que fica é se realmente ainda podemos acreditar em uma imprensa tão tendenciosa, e pode-se dizer desse caso mentirosa também, e qual o significado de aprendermos tudo o que aprendemos na faculdade (eu tenho certeza que os profissionais que trabalham nesses lugares também passaram por faculdades de jornalismo) sobre a importância da experiência, objetividade e ética, acima de tudo e qualquer profissão.
O que eu acabei de escrever foi mais um depoimento por estar lá e ter acompanhado tudo para poder denunciar essas mentiras com veemência.


Para quem quiser saber sobre a ocupação ela vai bem, organizada e com todas as deliberações sendo tomadas democraticamente em assembléias e plenárias. A ocupação também tem um blog para maiores informações.

ocupacaousp.terra.blog.com.br

Até mais.

4 comentários:

Gustavo Uribe disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gustavo Uribe disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gustavo Uribe disse...

É, Thiago. Isso é mais um exemplo do conservadorismo descabido dos nossos veículos de comunicação. Quando os universitários, principalmente de instituições públicas, viram notícia, o rótulo de arruaceiros e comunistas raivosos são lhes atribuído como um caráter natural de suas idades. Mesmo que, para isso, a imprensa não averigue informações ou as manipulem!
Enquanto os movimentos estudantis não forem vistos como um meio democrático de contestação, e não como um meio da juventude liberar violentamente a sua adrenalina excessiva, nossas universidades continuarão sucateadas!

Gustavo Uribe disse...

Para ler um dos exemplos de preconceito dos meios de comunicação, leiam a revista Veja dessa semana!
Valeu