domingo, 2 de dezembro de 2007

O último post

O ano terminou e a obrigatoriedade de postar neste blog também. Porto-me como a última das Moiras, cortando o fio de vida que já se revela frágil pelas raras postagens e pelos escassos comentários encontrados aqui. Lembro, no entanto, que mais que lições sobre ética jornalística, tive neste veículo de expressão a certeza de que posso confiar em pessoas que me alçaram da lama em momentos de desespero, servindo de apoio quando o chão escapava de meus pés. Sacrifico o fio da vida com a completa certeza de que posso me segurar agora em uma grossa e extensa corda, sustentada pelas conquistas em grupo e forjada pela mais divertida das amizades.
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Divulgo partes da crítica feita pela jornalista Ruth de Aquino, redatora-chefe da revista Época, ao novo livro da jornali...(prefiro esquecer) Mônica Velo$o.
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Re$enhando Velo$o

"Um livro escrito nas coxas. Mas que coxas! Com um vestido verde-bandeira longo e esvoaçante, decote profundo, laçarote às costas, brincos de brilhante de R$ 60 mil, anel de brilhantes de R$ 70 mil, cabelos à moda de princesinha, penteados para trás com ajuda de laquê, Mônica Veloso (desculpe, não dá para chamar de jornalista) parecia estar num baile. Preparou-se para enfrentar a fila de autógrafos. Mas, não havia fila. Só flashes e imprensa. Quem comprou o livro “sobre os bastidores de Brasília” foi um bando de cupinchas. O advogado de Mônica, o dentista, a designer das jóias, a comadre, a amiga citada na página tal, o cineasta amigo que vê em Mônica uma atriz nata. Três horas após o início do lançamento, 10 exemplares do livro “explosivo” de Mônica tinham sido vendidos.

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As observações de Mônica têm, no mínimo, pouca complexidade: “Gente é coisa que às vezes não se vê em Brasília. Ao menos se locomovendo sobre as pernas”. Ou: “Quando você se deixa levar pela energia da natureza, percebe a religiosidade sussurrante que viaja com o vento de Brasília”. E ainda: “No começo, Brasília não tinha voz, alma ou sentimento, pois vivia em uma arte alienígena, em um olhar estrangeiro sobre o que ela ainda não era, mas deveria ser”.
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Na contracapa: “Os tentáculos cor-de-rosa da sedução infiltram-se pelas relações. Lascivos, eles cingem o lobista e o político em um mesmo abraço, assim como entrelaçam jornalistas e parlamentares. A jornalista (sic) Mônica Veloso, bela e talentosa, viveu esse mundo intenso de anseios e sensações que permeia a vida na Capital da República”.

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O prefácio do livro de Mônica é assinado pelo psicanalista Luiz Cuschnir, “precursor do Masculinismo” (!!!). Ele pontifica não ser coincidência que “a palavra Poder é masculina e a palavra Sedução é feminina”. Daí em diante, ele desfia pérolas como “um amor desfeito tem o poder de uma bomba de alto potencial bélico”. E, em defesa de Mônica: “A mulher, quanto mais bonita, tem de ressaltar seu potencial cultural, profissional e ético, para não ser colocada no rol das que se aproveitam da beleza para galgar seu espaço como Ser em sua totalidade”.

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O mais impressionante é o tom abertamente piegas do livro, não as revelações. “Música, perfume e um certo torpor. Champanhe na mão, conversávamos e sorríamos após o jantar (na casa do senador Ney Suassuna). Havíamos brindado por mais um ano, o intenso ano de 2002. Do jardim, apreciávamos a noite de Brasília, o céu riscado por fogos e luzes, miríades de cores e chuvas de prata abençoando a cidade”.

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A sensação é que os trechos mais sinceros de seu livro se referem aos do ensaio para a Playboy: “Na primeira foto em que apareceu o bumbum, o (fotógrafo) Duran vibrou com aquela visão de borboletas e flores em uma região tão íntima”.

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Escreve a ex-amante de Renan no parágrafo final: “A essência que cada um carrega dentro de si, por mais sufocada que seja, florescerá um dia para iluminar nossas escuridões e varrer nossos medos, como o sol vermelho e o vento noturno do Planalto Central”. Você daria esse livro a quem de presente de Natal?"
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Obrigado por tudo e vamos em frente que atrás vem gente.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Idéia muito boa...

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Publicado em: 24/10/2007 16:46

Blog de jornalistas que contabiliza mortos em Pernambuco recebe prêmio
Redação Portal IMPRENSA

Criado em maio por quatro jornalistas pernambucanos, o blog PEbodycount recebe, na próxima quinta-feira (25), o prêmio Vladimir Herzog na categoria internet, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo

Eduardo Machado, João Valadares, Carlos Eduardo Santos e Rodrigo Carvalho, jornalistas que cobrem a área da segurança pública, se inspiraram nos sites Iraqbodycount e Riobodycount para dar vida ao Pebodycount.

Além de contabilizar os mortos em Pernambuco, os jornalistas vão atrás da história por trás de cada morte e dos dramas vividos pela população de um dos Estados mais violentos do País, com análise e textos para reflexão. O site também abre espaço para depoimentos e denúncias de quem já sofreu ou convive com algum tipo de violência, através do link "Eu, Vítima".

A cada morte computada - de sua inauguração em maio deste ano até a última semana, o número estava próximo a 2 mil mortes- os profissionais reforçam a cobrança por ação e a busca por saídas coletivas. Eles não deixam o governo estadual, as prefeituras, as instituições e a sociedade esquecerem, por exemplo, que Recife é a quinta capital mais violenta das Américas (segundo pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e a capital brasileira com maior número de homicídios (de acordo com a Organização dos Estados Íbero-americanos).

Dividindo-se entre o blog, o trabalho em jornal e cursos de pós-graduação, os produtores do PEbodycount têm como meta para o futuro próximo fazer do blog o braço de uma organização não-governamental, cujo nome será CLIP (Centro Brasileiro para a Livre Informação Pública). É inspirado no Center for Public Integrity, que funciona em Washington e reúne 30 jornalistas que se dedicam ao jornalismo investigativo, sem patrão, sem prazo e com recursos.

Em cinco meses de existência, o Pebodycount recebeu 2 milhões de pageviews, com média de 20 mil visitas mês. Com informações do portal Yahoo.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Tropa de Elite e a revolução do funk proibido


“Um vai de Uru na frente, escoltando o camburão /Tem mais 2 na retaguarda, mas tão de crock na mão/Amigos que eu não esqueço, nem deixo pra depois/ Lá vem dois irmãozinhos de 762 /Dando tiro pro alto só pra fazer teste/Pa-ra-pa-pa-pa-pa-pa (tiros de metralhadora)”.
Trecho de Rap das armas

Em seu terceiro final de semana de exibição, o filme Tropa de Elite cativa o público e se consolida como a produção nacional mais bem sucedida do ano. Por volta de 700 mil espectadores o assistiram em 10 dias de exibição e, segundo cálculos do produtor do filme Marcos Prado, 2,5 milhões de brasileiros o prestigiarão durante a sua veiculação nos cinemas nacionais. Como afirmou o jornal espanhol El País no último dia 19, Tropa de Elite se tornou um “fenômeno social”.

Compreender a popularidade bombástica do filme foi o que tentou a mídia nacional durante o mês de outubro. Programas de entrevistas com o diretor José Padilha e bate-bocas de sociólogos com membros da polícia carioca foram de praxe, polemizando ainda mais os problemas levantados pelo filme. Dedos indicadores apontaram para todas as direções, tentando encontrar culpados ou inocentes no fogo cruzado da violência que acomete o país. Embora o assunto tenha sido debatido em demasia nas telinhas, o filme, ao invés de fatigar a população brasileira, instigou-a ainda mais.

Nunca o site de vídeos Youtube recebeu tanto material brasileiro sobre um mesmo tema. Jovens fardados como capitães do Bope, proferindo frases do filme como “Seu 02, o senhor é um fanfarrão” ou “Pede para sair! Pede para sair!” protagonizam uma lista de mais de 700 produções caseiras disponíveis no site. A música Rap das armas, que se legitimou como música-tema da obra, é uma das mais baixadas em programas de downloads. Devido ao sucesso, MCs Júnior e Leonardo foram recrutados por Padilha para gravá-la na trilha sonora do longa, que será lançada ainda esse ano.

Com insinuações aos conflitos entre policiais e traficantes nas favelas e com apologias ao crime organizado, Rap das armas faz parte de um subgênero cada vez mais em voga nos bailes funks cariocas: o proibidão. Com letras que vão desde a tentativa de valorizar o poderio das facções criminosas até a insistência em desmistificar os males causados pelo consumo de drogas, o tráfico tem nas batidas dessas canções um porta-voz de seus interesses e um cartão de visita à classe média, que as consome como mais uma música comercial, mais uma novidade das paradas de sucesso.

Desde a década de 80, o funk proibido é produzido por membros de facções criminosas nos morros e favelas do Rio de Janeiro. Só no final da década de 90, no entanto, o subgênero ganhou os asfaltos e as páginas dos jornais. O Rap do Comando Vermelho, que parodiava a música Carro Velho, da cantora Ivete Sangalo, causou grande polêmica social por seu conteúdo violento e por defender explicitamente o crime: “Cheiro de pneu queimado/ carburador furado/ e o X-9 foi torrado/ quero contenção do lado/ tem tira no miolo/ e o meu fuzil está destravado”.

Por estar configurado na lei criminal brasileira como apologia ao crime, punível com penas de prisão que podem ir dos três a seis meses, o funk proibido limitava-se a bailes nos morros e a cds – vendidos em camelôs e ouvidos por alguns jovens cariocas. No entanto, depois de Rap das Armas reger o enredo de uma das produções de maior sucesso cinematográfico nacional e ser convidada a fazer parte da trilha sonora de um CD que promete ser um dos mais vendidos no Natal desse ano, a história do funk proibido passa por uma revolução.

A música-tema de Tropa de Elite introduz ao mercado musical brasileiro o subgênero proibidão, permitindo que mais produções do tipo sejam lançadas e que o país inteiro dance ao som de batidas que simulam balas de metralhadoras. As façanhas e os ideais dos traficantes que expressam o ódio e o terror entre gangues não se restringirão aos territórios tomados por elas, mas agora também embalarão festas de casamento e bailes de debutantes, legitimando o narcotráfico e o crime organizado – propósito das canções. O consumo de entorpecentes e o porte de armas fomentados por músicas que fazem analogia às drogas e ao status que uma 762 pode trazer a um jovem se popularizarão em programas de auditório e de rádios FM.


Por mais que ela contribua com a atmosfera da primeira cena do filme - um baile funk no morro da Babilônia -, Rap das armas é uma música proibida por lei e até o momento a justiça não se manifestou sobre o assunto. Por se tratar de um sucesso nacional, é possível que a canção não seja vetada, contribuindo para que o funk proibido ganhe a legalidade e se expanda pelo país.

Se o subgênero, em sua estréia em circuito nacional, já banalizou a violência e valorizou o porte de armas, quem sabe o que vem por aí nas batidas violentas dos proibidões!?

terça-feira, 9 de outubro de 2007

HAHA Campanhas que gostaríamos de ver.



Para quem não consegue ler:

Vale a Pena ver de Novo

Tropa de Elite. Agora no Cinema.
Estréia dia 12 de outubro.

Kibeloco

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Após Renan, CCJ do Senado aprova fim do voto secreto

(trechos da notícia)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007


BRASÍLIA - Por unanimidade, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, aprovou nesta quarta-feira, 19, a proposta de emenda constitucional (PEC) que determina o fim do voto secreto para todas as votações do Congresso nacional. A decisão vem apenas uma semana depois da absolvição, por voto secreto, do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Apesar de Renan ter escapado do processo de cassação por 40 votos a seu favor, 35 contra e 6 abstenções, a comissão fez apologia do voto aberto.

[...] Na reunião da CCJ, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), sugeriu ainda que, como houve consenso para acabar com o voto secreto para julgar os processos que recomendam cassação de mandato, os senadores poderiam tornar público seus votos no julgamento de Renan. O senador tucano vai consultar se isso é possível, mas assessores jurídicos entendem ser uma iniciativa inviável e até ilegal, levando em conta o sigilo do voto. Para abrir a votação seria preciso violar o painel de votação eletrônica do Senado.

[...] O parecer de Jereissati determinava o voto aberto apenas para casos de cassação e algumas outras votações, mas acabou acolhendo a proposta do senador Paulo Paim (PT-RS) de voto aberto em todas as circunstâncias, para que a PEC tivesse, com apoio da base governista, prioridade de votação no plenário do Senado.

Antes de apreciá-la, os senadores têm primeiro que limpar a pauta da casa, trancada por cinco medidas provisória e um projeto de lei que tramita em caráter de urgência. Se aprovada, a PEC será enviada para a Câmara.

O Senado tem a prerrogativa constitucional de votar secretamente as indicações de autoridades para cargos específicos, como embaixadas, agências reguladoras e Banco Central e dos ministros do Judiciário. Todas essas votações, incluindo os vetos presidenciais, não poderão ser fechadas, caso a PEC seja aprovada em dois turnos no Senado e depois pela Câmara.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Transmissão de uma certa partida de futebol....

"Olá Brasil, estamos chegando. A Rádio Nossa Utopia mostra para você, ao vivo, o jogo entre o Brasil e a Impunidade Futebol Clube. O jogo na verdade foi às escondidas, secretamente realizado em Brasília, mas nós tivemos acesso e mostramos para vocês ouvintes da melhor Rádio/blog do país.
O time do Brasil conta com muitos atletas famosos como: Povo, Ética, Sociedade e o Justiça. O time da Impunidade vem a campo com jogadores já conhecidos no país, os principais são: Lobista, Vergonha, Renan e Laranja. O técnico da Impunidade não pôde contar seis jogadores que se abstiveram, inclusive o atacante Aloísio.
Torcedores foram barrados na entrada do estádio, parece que sues ingressos de nada valem. A pancadaria toma conta da porta do estádio.
Bola rolando. Jogo violento e de muitos gols. Lobista toca para Renan, ninguém segura eles: Gol.
E lá vem o Povo, dribla para a direita, dribla para a esquerda, cruzou na área para Justiça, mas foi interceptado. Justiça falha novamente. Vem de novo o Povo, mas é derrubado. É falta de Vergonha. O jogador foi advertido com cartão vermelho. O time da Impunidade vai ter que jogar sem Vergonha.
O placar mostra o Brasil levando um chocolate da Impunidade. Que ataca agora com Renan, ligou o jogo pro Laranja, que troca de passes magníficos, limpou... Gol.
Esse Laranja é um bom jogador... Acho que vai ganhar um belo bicho no final da partida.
E vem o time do Brasil com Sociedade, quem sabe agora Justiça obtém êxito. Mas não, o Laranja derruba a Sociedade e o juiz nada faz. Ele fingiu que não viu o Laranja. Nesse país ninguém vê nada!
Ética está sumido no jogo, heim? Alguém o viu em campo?
Vem de novo o time do Brasil, mas o que é isso? Renan trapaceou em campo. O STJD deveria aplicar uma grande suspensão neste jogador. Mas que beque de fazenda de Alagoas! Porém, nós bem sabemos que, neste jogo, peixe grande nunca é pego.
Impunidade domina o jogo. Parece que escolheu táticas certas, os jogadores fizeram acordos entre si e sabem bem seus posicionamentos na partida. Cada um sabe o que deve fazer. Mas o Brasil segue resistindo...
Infelizmente não deu. Apita o árbitro supremo. O Brasil perde novamente.
Resultado Final: Vitória da Impunidade sobre o Brasil. 40 x 35.
O Povo chora, Justiça irá se aposentar, Sociedade lamenta e o Ética... Bom, este ainda não apareceu. "


PS: Os nomes dos jogadores são fictícios e qualquer semelhança com algum caso recente da lamentável política brasileira, é mera coincidência.

Por Marcelo Braga (Confira o site http://dominiodabola.wordpress.com)