sexta-feira, 20 de abril de 2007

Cidade ou consciência: o que você prefere limpa?


A foto é bem auto-explicativa, não é mesmo?
Mas em todo caso, vamos discutir um pouco sobre o que ela reflete.
A primeira questão colocada [Vamos discutir o número de outdoors em São Paulo?] é decorrente de uma promessa feita pelo atual prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab, que pretende acabar com a poluição visual, propondo a Lei da Cidade Limpa, a qual proíbe a publicidade exterior nas ruas – os outdoors e painéis. Aprovada desde o final do ano passado, levou tempo para ser colocada em prática por conta de inúmeras liminares e até um decreto da própria prefeitura - que prorrogou o prazo para mudança das fachadas de estabelecimentos comerciais. Entretanto, a lei vigora e, cada vez mais, a cidade passa por modificações para finalmente alcançar o objetivo inicial do Prefeito: a limpeza da cidade. Além do mais, os estabelecimentos que não se adequarem à lei estão sujeitos a multas no valor de 10 mil reais.
Os protestos a fim de revogar a lei foram inúmeros. Desde manifestações até placas (nos locais em que liminares garantiam a colocação das mesmas) com mensagens irônicas enfatizando a importância dos outdoors como meio de comunicação; de fato, os protestantes também procuravam exprimir a indignação perante a falta de consideração com os trabalhadores – foi previsto pelo Sepex (Sindicato das Empresas de Publicidade Exterior de São Paulo) que cerca de 20 mil pessoas ficarão desempregadas por conta dessa lei.

Ok. As preocupações com a limpeza da cidade e com a redução da poluição visual são absolutamente válidas, mas será que já não temos alguns problemas um pouco mais complexos na sociedade para solucionar?
A foto representa exatamente isso.
É um paradoxo priorizar o visual da cidade enquanto há moradores de rua, gente passando fome, sem emprego.
Então será que aprovação de uma lei que irá aumentar o nível de desemprego é uma atitude plausível vinda do Prefeito da cidade, a julgar que ele deveria buscar a melhoria da qualidade de vida da população como um todo?

Seria essa uma inversão na escala de valores, aonde talvez o “capricho” de uma determinada classe social é priorizado acima de uma realidade que mostra uma necessidade diferente?

Então eu reafirmo a pergunta feita: Vamos discutir o que é prioridade tirar das ruas? Vamos?

4 comentários:

Anônimo disse...

Nossa...
que texto bom esse,
essa mina tem futuro hein!!?

Bruna Bernacchio disse...

Acho que o debate sobre desemprego, fome e pobreza não deve ser levantado em função dessa lei do prefeito.
Por mais que esse problema seja mil vezes mais relevante que o problema de poluição visual em São Paulo, a solução encontrada está de acordo com a importancia do caso.
A cidade está suja? Sim. Uma lei simples foi feita para que resolvesse esse problema. E de fato a cidade está mais limpa visaualmente. Claro que houve consequencias, como os 20 mil desempregados.
Mas isso já leva a um outro problema muito maior que não será resolvido com uma simples lei e nem com apenas um governo de um determinado prefeito. A solução para este problema demanda muito mais esforço e tempo.
Não se pode comparar uma questao de placas com gente passando fome. Uma questão de lei com mega-projetos.

Anônimo disse...

Daniii!!

Arrasou!

Concordo 100% com você!
Escreveu TUDO que deve ser dito!

Parabéns! Vc promete!!!!

Beijos

NOSSO NOME disse...

Não há dúvidas de que o tema é polêmico e bastante relevante. O fato é que os outdoors sempre estiveram colorindo a cinzenta São Paulo; todavia, a presença deles tornou-se tão rotineira que a questão jamais havia sido abordada com tamanha importância antes da Lei Kassab ser proposta. Abriram-se olhos para um problema existente há muito, mas pouco comentado em vista de outros que a cidade enfrenta. A poluição visual de fato existe e deve ser tratada com importância. É verdade que fatores como a violência, fome e miséria são antigos e merecem muita (ou talvez mais) atenção. Mas não se deve parar uma ação em detrimento de outras. A questão, portanto, focaliza-se no levantamento de argumentos como o desemprego, que constitui uma consequência do fim da mídia externa. é importante lembrar que este quadro também precisa ser melhorado; torna-se contraditório contribuir, de certa forma, para a sua proliferação.
Termino dizendo que, apesar de ter guiado a minha argumentação por um caminho diferente, concordo com a pergunta que encerra o texto: é preciso sim discutir o que devemos tirar das ruas. Mas esse debate é exterior e muito maior do que qualquer lei! É realmente necessário limpar as maiores sujeiras de São Paulo e de todas as cidades do Brasil.